quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
O VERDADEIRO DARMA DE BUDA
Tenho lido e ouvido, de
professores do zen e praticantes leigos preceitados sobre o verdadeiro darma de
buda. Professores que se dizem oferecer o verdadeiro darma de buda e alunos que
dizem ter recebido/experenciado o verdadeiro darma de buda. O enunciado “ o
verdadeiro darma de buda”, por si só já é dualidade. Se tem um verdadeiro é
por que tem um falso. O darma de buda está além dessa dualidade, ele É. Se você
não consegue apreendê-lo, vê-lo, percebe-lo , isso não quer dizer que ele não
existe.
Mestre Dogen, fundador de
nossa ordem , quando voltou da China, trazendo o zen para Japão, disse ao
chegar, que tinha obtido o verdadeiro
Darma de Buda. Isto foi o suficiente para deflagrar sérios conflitos com outras
ordens budistas. Penso que devemos contextualizar essa fala de Mestre Dogen.
Acho que ele não encheu a boca para dizer isto, de forma arrogante e
discriminatória e nem era intenção dele provocar discórdias.
Ele provavelmente queria
dizer que tinha aprendido o budismo fundante, ensinamentos sobre a prática
budista, deixados pelo fundador original
do zen – Xaquiamuni Buda, em que o
zazen(meditação) fazia parte desses pilares fundantes. Treinamentos em prajna,
em sila e Djana, a meditação. Não se fazia meditação nas outras ordens
budistas. A prática da meditação - zazen
- é o principal portal para acessar sabedoria(prajna) e compaixão. Exige
esforço, disciplina e dedicação. Não basta estudar os ensinamentos de forma
intelectual.
No meu entendimento, Dogen
fez no Japão, no século XIII o que Bodidarma, no século VII , fez na China,
quando levou o darma de Buda para China. Já havia budismo na China, mas era
confinado nos mosteiros e não se fazia zazen – djana. A maneira que encontrou para
ser um contraponto, foi sentar-se em zazen de frente para uma parede, dentro de
uma caverna, por 9 anos.
Mestre Keizan, também
considerado um dos fundadores do zen no Japão, escreveu o Denkoroku – Anais da
Transmissão da Luz, onde escreve e comenta sobre a iluminação dos ancestrais da
linhagem até ele, por volta do ano de 1400. Ele fala sobre as três eras dos
ensinamentos de Buda – a era do Darma
Correto, a era do Darma Imitado e, a era do Darma Degenerado. O Darma Correto se
expressa quando de tempos em tempos, grandes ancestrais do Darma retomam os ensinamentos fundantes e
presentificam o Buda vivo. Apesar disso, sucessivas gerações , incluindo a
nossa, vivemos o Darma Imitado quando seguimos aprendendo uma doutrina que já
percorreu tantos caminhos e que segue como a água, para fundir-se no grande
oceano do Darma. O mar não discrimina
entre essa ou aquela água. Inclui a todos que desejam, de coração sincero,
seguir nas pegadas do Tathagata – como crianças-Buda, despertando para o pensamento do despertar. Em
comunhão auspiciosa
ROHATSU SESSHIN SÃO PAULO 1º A 08 de dezebro Chegar no Templo e sentar em zazen é voltar para casa. Intimidade com as plantas, novas plantas, novos verdes. O pé de Jabuticabeira que deu seus frutos, a orquídea com novas flores, a goiabeira que alimenta os pássaros. Estar em comunidade, onde nunca há solidão. No comer, no dormir e no sentar em zazen. Encontrar os bichinhos, o gato Charlie que vem todo manhoso, os cães, amado Godo, as três soberanas, Prajna, Mori e Piti. Proximidade com a mestra e seguir aprendendo. Proximidade com meus próximos. Onde me abasteço para seguir girando a roda do Darma. Obrigada a todos!
domingo, 25 de novembro de 2018
ROHATSU
um dia de retiro para celebrar a
ILUMINAÇÃO DO BUDA
Na tradição Zen Budista do Japão, o dia 08 de Dezembro é considerado o dia da Iluminação de Shakiamuni Buda. Celebra-se com um longo retiro de 7 dias e no amanhecer do 8º dia , uma cerimônia de encerramento marca este importante momento. Há cerca de 2.600 atras, o então principe Sidarta decidiu sentar-se em meditação embaixo de uma árvore Ficus religiosa e permanecer em meditação até acessar às verdades à respeito da vida/morte e outras questões acerca do sofrimento nessa vida. Suportando todas as adversidades e tentações, ele atinge a compreensão profunda e ascende à boddhi, a mente iluminada. Num átimo ele compreendeu o mistério da existência e os meios hábeis para ajudar os seres a se libertarem do sofrimento causado pelo samsara - o eterno ciclo de morrer e renascer. Seus ensinamentos continuam atuais e preciosos até os tempo de hoje pois são verdades inscritas na mais profunda estrutura da existência. No dia 15 de dezembro, o Zen Vale dos Sinos, a comunidade budista de nossa região também vai celebrar esse dia, realizando um Zazenkai, um dia de retiro, para nos sentarmos como o Buda, com o Buda.
Esta experiência é aberta a todos, independente se tem ou não experiência em meditação ou prática budista.
Para quem vem do interior do estado e precisa de hospedagem, temos alojamento com uma pequena taxa de hospedagem.
sábado, 24 de novembro de 2018
sábado, 20 de outubro de 2018
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
NOTA PÚBLICA
A comunidade ZEN VALE DOS SINOS, vem a público manifestar seu
repúdio frente às violação cometidas no episódio da jovem que teve uma suástica
tatuada com canivete em sua barriga. O ataque com socos, e para fazerem a
suástica devem ter sido violentos a ponto de sujeitar e paralisar a vítima,
deu-se por ela estar usando uma camiseta com #elenão. Ou seja, a motivação foi
política, pró candidato Bolsonaro. Primeiro, Independente do
conteúdo da tatuagem, foi um crime
bárbaro e inaceitável. Segundo, àqueles
que representam o estado e que deveriam acolher a denúncia e proteger a vítima,
investigar e buscar os responsáveis, distorcem e polemizam com o objetivo de
desresponsabilizar os que alimentam o ódio e os ataques violentos, que tem sido
cada vez mais frequentes. O delegado responsável por encaminhar a denúncia
comete outra violação, quando afirma ser
um símbolo religioso budista e não uma suástica nazista. Então
se for um símbolo religioso pode, arbitrariamente ser usado como objeto de violência? Pela maneira perversa do ataque, esse símbolo
tatuado tem mais a ver com nazismo do que com budismo, já que o Budismo condena
qualquer atitude de violência e de anti-democracia.
Se é um símbolo do budismo ou não, em nossa opinião, é irrelevante nesse momento. Inaceitável é introduzir uma narrativa que agride outra
tradição religiosa na tentativa de minimizar tamanha demonstração de
intimidação e violência. Que se faça
justiça!
Zen Vale dos Sinos, São Leopoldo, 11 de outubro de 2018.
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
O SABÃO NA VIDA
MUNDANA
Hoje eu não vou escrever sobre
budismo e nem sobre política. Vou escrever sobre sabão. Quer coisa mais mundana
que sabão?
Deixo a política para as pessoas
mais esclarecidas e que estão produzindo, informando, escrevendo, empenhados em descrever o momento histórico do pais e da América
Latina , os ataques à soberania e a
democracia. Haja sabão pra lavar toda esta sujeira.
Há muitos anos eu tenho críticas
sobre o sabão que se compra nos super-mercados , que aliás são os mesmos nos
mercadinhos, armazéns e afins. No mercado não temos muitas escolhas para o sabão em barra, duas no máximo três marcas.
Sabão em barra para mim é aquele maior, que precisa uma mão cheia para
manuseá-lo. O resto que está a disposição são aqueles sabãozinhos pequenos,
estes sim, oferecidos nas mais diversas cores, para roupas delicadas, para
ariar panelas, para gordura pesada, limpeza pesada, limpeza leve...Na minha
opinião de dona de casa, que vem de uma época em que o sabão de barra era o
principal agente de limpeza, ter uma boa empunhadura para manuseá-lo era
fundamental. Também era fundamental que ele tivesse um tamanho anatômico que favorecesse
a pegada. Sim, tem que ter pegada para
segurar o sabão. Estes pequenos não favorecem essa pegada, pois as pontas dos
dedos e as unhas esfregam junto a louça, a roupa e o que quer que seja. Um
sabão para criança pegar, ou seja, infantilizaram o sabão.
Eu tinha um desconforto toda vez
que tinha que comprar sabão(com sabonete também
pois acho eles muito pequenos), mas nunca problematizei. Achava que eu
era muito chata, implicando até com o sabão?
Até que, viajando para o interior
do estado, paro o carro em uma lugar que tinha lanches, suco de cana de açúcar,
rapaduras, artesanato, e... sabão. Era um sabão feito no fundo do quintal, por
pequenos agricultores do interior do estado, vendidos a quilo, dois anos atrás,
R$7,00 o kg. Comprei assim, meio desconfiada, achei tão barato, será que
presta? Eram de glicerina.
Naquela semana experimentei um.
Bah, que show, nem de longe dá pra comparar com o que temos a disposição nos
mercados. Apesar de seu aspecto ser feio, irregular, não era lisinho e
retangular, era torto e desengonçado. Mas que macies, a combinação exata entre
os ingredientes, provavelmente soda cáustica e as gorduras. O tamanho perfeito
para segurá-lo, nem muito grande, nem muito pequeno. Revela a sensibilidade de
quem o fez.
Lembro que este era o sabão da
minha infância que foi sendo substituído pelo sabão industrializado. O que
temos hoje são duas marcas principais, uma de um sabão caro – em torno de r$
5,00 uma barra e outro, barato, em torno de R$ 2,00 a barra. Hoje não temos nem
uma mediano, que tempos atrás ainda havia. O primeiro é bom(mas nem de perto
iguala-se ao sabão em questão), o segundo é barato mas não presta. Desculpa a
rudeza, mas é isto, não presta. É duro, não desliza na roupa molhada e, você
usa uma, duas, três vezes , e quando ele está na metade, racha e se parte e
mais pedaços. E são estas as escolhas que temos. Acho que deveriam ir consultar
os caras da agricultura familiar para lhes dar alguma orientação. Mas quem diz
que eles não sabem fazer um bom sabão?
Ah! Mas vão dizer que hoje todo
mundo lava a roupa na máquina e por isto reduziram o tamanho do sabão. Que isto
é pesquisa de mercado!
Pois esta pesquisa de mercado que
vá lamber sabão!
sexta-feira, 27 de julho de 2018
domingo, 22 de julho de 2018
RECEITA DE CUCA CASEIRA
Monja Kokai Ec kert
Antes que eu escreva a receita quero explicar que sou portadora de uma antiga tradição alemã. Cresci com minha mãe falando sobre as cucas que a mãe dela fazia, vovó Rosa Margarida, e que ninguém que ela conheça conseguiu fazer cucas tão deliciosas. Minha mãe é a sexta filha de nove irmãos. Meu avô tinha um engenho de arroz e minha vó criava gansos para vender as penas para fazer acolchoados e travesseiros. Os netos, eu inclusive, ajudávamos correndo atras dos gansos para pegá-los para serem depenados enquanto ficávamos segurando eles. Depois de pronto os soltávamos e eles saiam correndo. Moravam numa casa boa e confortável nas cercanias da cidade. Da parte de meu pai os parentes moravam na colonia - onde passei as melhores férias de minha infância. Apesar da familia materna morar perto da cidade, naquela época, idos de 1940, quando tinham que ir para a cidade para comprar tecidos, por exemplo, eram algumas horas de carroça.
Só quando minha mãe já era uma jovem adolescente que meu avô comprou carro e seus irmãos mais velhos, tinham motocicletas.
Era comum também as familias terem criação de galinhas e algum porquinho para aproveitar os restos de comida e orgânicos - a lavagem. Os bichinhos eram criados para o consumo das familias. Haviam as árvores frutíferas com as frutas da estação, que eram transformados em compotas e assim tinha sobremesa o ano todo. Também eram feito chimias, de uva, figo, ameixa, etc. Tinham as vacas para tirar o leito. O excedente se transformava em queijo e nata.
Havia o forno a lenha, comum nos fundos das casas. Assava-se o pão, e no final de semana as cucas.
Eu não tenho a receita escrita, é uma tradição oral e prática, mas é mais ou menos assim:
MASSA DA CUCA RÁPIDA: A massa dessa cuca parece uma receita de bolo que acaba se tranformando numa cuca. Não faz parte da tradição alemã mas é muito rápida de fazer.
Ingredientes:
2 xícaras grandes de farinha
um gemadão de 3 ovos para duas xícaras pequenas de açucar
bata as claras em neve com uma pitadinha de sal
uma xícara de leite morno
fermente de bolo
tres colhres grandes de margarina ou meia xícara pequena de azeite.
Misture tudo e coloque dentro de uma assadeira untada.
Sobre a massa coloque as frutas da estação. Por exemplo, no verão tem a uva, de preferência a preta. Se for laranja ou abacaxi é necessário fazer primeiro uma calda com essas frutas e no final colocar um pouco de maizena para deixar cremosa. Espera esfriar um pouco e despeje sobre a messa crua.
Em seguida espalhe a farofa sobre a massa e as frutas.
RECEITA DA FAROFA:
Numa bacia coloque uma xícara grande farinha , uma xícara grande de açucar(de preferência cristal) e meio pacote de manteiga. Amassa tudo com a mão e fica amassando até criar uma farofa. Geralmente, se demora muito e não está dando liga, é porque está faltando algum ingrediente. Se está muito enfarinhado ou açucarado, falta manteiga pois esta que vai dar o ponto. Pode colocar também calena em pó ou raspa de limão. Ou um ou outro. Limão e canela não combinam muito. Pronto. É só jogar sobre a massa. Se sobrar você pode guardar para a próxima pois dura bastante tempo.
RECEITA DA MASSA ALEMÃ:
Ingredientes:
Para um cuca, se quiser fazer de mais sabores duplique a receita.
- Duas xícaras de farinha
- Uma pitada de sal
- Tres colheres grandes de açucar
- uma xícara ou um pouco mais de água morna ou leite morno.
- fermento biológico.
- se quiser uma massa mais sequinha e macia pode colocar um ovo.
Essa massa tem uma receita muito parecida com a massa de pão, só que é bem mais macia. Mexe-se numa bacia com colher de pau pois a massa gruda nas mãos.
Deixa crescer para depois colocar na assadeira, que deverá estar untada. Unta-se também as mãos na hora de colocar a massa mole na assadeira. Aos poucos vai acomodando a massa dentro da assadeira com a palma das mãos untadas.
Cobre-se com as frutas escolhidas e depois coloca-se a farofa por cima.
Bom apetite.
segunda-feira, 25 de junho de 2018
RELATO DE UM ENCONTRO
Dia 19 de junho fui uma das convidadas
para uma Roda de Conversa no Fire – Fórum Inter Religioso e Ecumênico, realizado na FLD –Fundação Luterana
de Diaconia. O outro participante foi o candidato a governador Miguel Rosseto,
grande humanista, foi ministro no governo Dilma, pessoa muito agradável e de um
caráter irrepreensível. A terceira integrante, Yiá Sandrali de Oxum não pode
comparecer pois foi acometida por uma gripe muito forte, o que impediu que
viesse.
O propósito do encontro era a
unidade das esquerdas e o papel das religiões no atual cenário brasileiro. Um
espaço de fala, de encontro, de reencontro, de reunir forças e seguir na
resistência, um sendo suporte para o outro. Lembra-me o bordado do ramo de
pinheiro, último item no rakusu(mini manto do Buda), que representa a sanga, a
comunidade budista, que sozinhos somos
frágeis como um pinheirinho que enverga
frente as adversidades, mas muito pinheiros juntos, dando-se apoio mútuo, todos
conseguem crescer em direção ao sol, à claridade.
Os presentes eram representantes
de agremiações, de CEBS, Movimento Fé e Política, FLD, Conic, MTD, uma
representante da Dep Fed Maria do Rosário, MNDH(movimento nacional de direitos
humanos) um representante do movimento anti - manicômios , M3D – movimento,
democracia, diálogo e diversidade e outras pessoas interessados e preocupados
com os rumos da democracia no Brasil. Durante as apresentações , acentuei as
divisões que o Brasil tem vivido, que isto também aconteceu dentro do Budismo e,
frente a isto houve a inciativa de criar
uma Frente de Budistas Progressistas. Fiquei surpresa pelas demonstrações de
aprovação e saudação a mais este movimento.
Percebe-se que, para além da
criminalização da esquerda, principalmente do PT, a prisão ilegal de Lula, cada
vez mais a população está se dando conta que o futuro do Brasil,
principalmente a sua recém e débil
democracia sofrendo um novo revés, a fragilidade das instituições , os rumos da
economia, o desrespeito sistemático à constituição de 88, a precarização geral,
que primeiro atingiu de morte os mais
pobres, agora está fazendo água, e chegando à classe média, que incauta,
inicialmente apoiou o golpe que destitui uma presidente sem crime de
responsabilidade. Esse segmento da população também está começando a se
organizar, com uma proposta suprapartidário, como foi a apresentação por parte de seu
representante, um pastor Luterano, da sua Carta de Princípios.
Iniciei abrindo o debate e em
seguida foi a vez de Miguel Rossetto. Dividi com o grupo o meu entendimento sobre
o momento de paralisia do povo. Um elemento novo me chamou atenção justamente
por estes dias. Quando o Brasil estreou na copa, dia 17 de junho, no momento do
gol, ninguém, absolutamente ninguém, num raio de alguns km, soltou um foguete.
E eu moro num lugar onde uma das minhas contrariedades é foguetório para
qualquer coisa. Este silêncio foi muito barulhento, revelador...era o silêncio
de um luto, de uma perda . Neste ponto eu desviei o assunto sem
responder: que luto seria este? Coisa que no circular da palavra, Miguel, com
sua sensibilidade respondeu, certeiro como um velho e bom psicanalista: O Golpe
foi de uma tal brutalidade e violência que sequestrou a identidade que o povo tinha com o futebol. Eu diria mais,
o signo que representava isto era a camisa amarela da seleção– essa sim,
confiscada do povo. Grande parte da classe média , influenciada pela imprensa
alinhada com o golpe, sob o pretexto da
corrupção, tomou para si a tarefa de higienizar o país, introduzindo um
confronto entre a bandeira verde/amarela do país e a bandeira do PT – de maneira
soberba, vaidosa e acreditando-se virtuosos, confiscam também a bandeira do
Brasil. Vestem a bandeira do país para desapear a democracia. Esta cena só é
comparável com tragédia grega. Na sequência
, o povo fica cada vez mais excluído e privado de ser o protagonista dos
destinos da nação. Dessa forma o povo ficou órfão de seus símbolos, só restando
a concretude do silêncio catatônico.
Mas a gente sabe que a história é feita da altos e baixos.
Seguimos resistindo.
E neste propósito, estamos organizando uma caravana ao
acampamento Marisa Letícia para somarmos nossas vozes ao Bom Dia Presidente
Lula. Deverá acorrer entre os dias 28 e 29 de setembro.
Monja Coen aceitou o convite para fazer uma visita a ele, no
dia 28 de setembro.
Vamos nos organizando.
Uma abraço.
Monja Kokai Sensei
sexta-feira, 15 de junho de 2018
sexta-feira, 1 de junho de 2018
segunda-feira, 7 de maio de 2018
PROVOCAÇÕES EM UM CENÁRIO TEMERÁRIO
Querida Priscila.
Sou monja, uma
religiosa, sou psicóloga, sou mãe, sou cidadã em um determinado tempo e num determinado lugar.
Não há nenhuma regra no budismo que nos proíba de sermos um
agente político. Temos monges e monjas, professores e professoras do
darma(sensei)l lideranças de centros e templos maiores ou menores, que tem
diferentes posições políticas. Uns tem uma tendência mais à esquerda,
identificados com governos mais progressistas que tem no Estado o principal
articulador e regulador da economia. Geralmente são projetos de governança
voltados para o bem estar social através das políticas públicas. Se preocupam
com o povo, principalmente com os mais vulneráveis. Destes, uns manifestam-se , outros não. Vale o mesmo para
àqueles que defendem posições da direita, com estado mínimo e interferência mínima também do estado na economia.
Os religiosos budistas defendem o estado laico e eu não vi
até agora nenhum budista candidato político a nada. Diferente da bancada da
bíblia com seu projeto de poder. Falando nisto, será que os pastores também
recebem este tipo de pergunta? Também
são religiosos. Mas os budistas tem posições bem definidas sim. Lembra daquelas
cenas de monges budistas se imolando, colocando fogo em si mesmos? Eram
protestos políticos contra governos autoritários.
É frequente que as monjas sejam questionadas quando se
manifestam publicamente em suas posições. Me ocorre outra pergunta: será que se
tolera mais que homens monges expressem suas preferências políticas do que as
mulheres?
Que fantasias os brasileiros fazem das monjas? Que ficam
jejuando e meditando, quase levitando? Ou se espera delas que fiquem envolta
com livros e escrituras sagradas ou trabalhando, cozinhando, servindo aos
pobres? Nada de errado com estes afazeres, mas até onde eu conheço, as monjas
budistas mulheres são muito inteligentes , tem profissões interessantes e
geralmente já não se adaptam muito bem a rotina culturalmente imposta ou estimulada,
de gênero inclusive. Buscam ir além...mas isto não quer dizer que elas não
tenham que pagar suas contas e ter responsabilidades civis, como qualquer
cidadão.
Amigas e amigos, já vivi dois golpes de estado. O primeiro
eu era muito pequena e não entendia o que passava. 50 anos depois outro golpe.
Inicio e termino esta vida num contexto de golpe de estado, com uma democracia
precária, um estado de exceção , uma presidente deposta sem crime de
responsabilidade, um ex presidente , o maior e melhor da história do Brasil,
também sem crime, sendo levado preso – um julgamento teatral , onde a
constituição é mais uma vez rasgada. Que esperar de um país que de tempos em
tempos sofre um golpe de estado pela classe dominante, que governa somente para
si e aos seus?
No mínimo é que cada um que sinta-se mortalmente açoitado
em sua inteligência, em sua humanidade,
que seja sensível aos lamentos e privações que as camadas mais vulneráveis da
sociedade padecem, que se manifestem.
Depois dessa resposta fiquei calada por uns dias. Um
silêncio reflexivo à respeito dos destinos que darei para meu impasse: Que
postura adotarei frente o cenário de precarização que se instalou no país a
partir de 2013, 2014, que culminou com o
impeachment da presidenta Dilma em 2016?
Amigos e pares Budistas
Até agora evitei participar das
discussões pois não tenho tido muito o que falar, ou talvez o contrário, por
ser tanta coisa para ser compreendida e elaborada, a palavra, escrita ou
falada, deve ser pautada pela reflexão.
Minha entrada para o Budismo
deu-se num momento em minha vida em que já havia feito muitas construções e
estava precisando cuidar do espírito. Isto foi em 2000. Fui apresentada ao Zen por uma amiga de então
e, dentre as propostas espirituais para
serem “consumidas”, o Budismo era algo tão diferente, exótico, curioso,
diferenciado, culto...hoje percebo que o Budismo serve também às classes
sociais alta e média. Mas o que me vinculou ao zen foram justamente os vínculos
– primeiro à monja alemã, Algelika Zuiten – passei a desejar que ela se
sentisse bem aqui no Brasil, algo como uma oportunidade para mim de resgatar
minha ancestralidade alemã.
Outros vínculos foram se
construindo e servindo de estímulo para prosseguir nesse ir e vir de 10 anos
entre uma cidade e outra para sentar em zazen com a comunidade, na época o
Viazen.
Meu entendimento do Zen foi
acontecendo nessa convivência, estudando, escutando, fazendo retiros e
sistemáticos treinamentos , cozinhando, ensinando e aprendendo as refeições nos
oriokis, aprendendo a tocar os instrumentos, oficiar cerimônias, dando aula de
introdução ao Zen para iniciantes, costurando rakusus e mantos...sendo que é
assim que me sinto até hoje, uma iniciante, uma praticando do/no caminho .
A partir de minha ordenação monástica
em 02/05/2009 passei a ser formalmente discípula de Monja Coen Roshi, sendo
hoje uma de suas transmitidas. Gratidão por tal fortuna!
À minha prática somou-se novas
possiblidades de significado a partir das transformações políticas que eu
percebia no país já em 2005 com as manobras das denúncias do mensalão. Em 2013 eu já
falava em golpe. Compreender o cenário político para mim era compreender a
realidade dos movimentos nessa rede,
nessa trama , que é o tecido social. É
uma forma de ler e entender o mundo. Na minha opinião não tem como se isolar e
ficar impermeável aos impactos das
decisões políticas responsáveis pelos programas e responsabilidades do Estado no bem estar da
população. Apesar do meu distanciamento do catolicismo, sou atravessada por
algumas influências. Talvez pela proximidade que tenho com a ordem dos
Jesuítas, aos quais tenho muito apresso pelo seu rigor científico, pela sua
participação na Teologia da Libertação, fui construindo uma lógica que traz
sentido e coerência para mim. Participo
de dois grupos inter-religiosos , um na Unisinos e outro com os Luteranos –
foi-se criando um consenso sobre a necessidade de politizar a religião, de ter
este olhar, já que direitos humanos e justiça social são conquistas que
requerem engajamentos políticos. Sabe-se que o Brasil em particular tem sofrido
ataques sistemáticos da direita que não aceitou a derrota das urnas e partiu
para o tapetão. Isto trouxe consequências gravíssimas que repercute em todos
tecido social – aumento do desemprego, a volta do Brasil ao mapa da fome,
impedimento de investimento em saúde, educação, cultura, ciência, por 20 anos,
aumento abusivo do desmatamento, genocídio dos índios, gentrificação de espaços
públicos...não que não houvessem problemas antes mas sabe-se do que a direita
tem sido capaz...incendiar e enterrar gente pobre viva, condenar ou matar
nossos jovens pobres e negros, prendê-los em masmorras que são a versão
atualizada dos navios negreiros...ou seja, nossa elite branca ainda não acordou
para um mundo mais igualitário, amoroso e justo pois ainda está sob forte
influência colonizadora e escravagista. Ainda é a lógica da casa grande e
senzala, a classe média no meio, sendo o capataz que defende os interesses do
patrão, do coronel, do empresário rico, dos sindicatos patronais e toda sorte
de opressão.
Quanto às críticas, desaforos,
deboches, escárnios, agressões aos que estão engajados em denunciar e defender
ao que resta de nossa democracia, penso que só temos que agradecer pois são
provocações que não nos deixam esquecer, que nós devemos responder, mas não no
mesmo nível, já que nossa inteligência nos permite argumentar no mundo das
ideias. E é esta justamente a esperança da direita, que nos calemos, que nos
conformemos e que nos esquecemos dessa história recente que devolve o país ao
lugar de colônia e que uma das maiores lideranças políticas que emergiram nesse
país, reconhecido mundialmente, encontra-se preso para que não se eleja mais
presidente, o que é o desejo do povo. É um preso político sim. Vejam a que
ponto o alinhamento da justiça, do parlamento , da mídia e das elites rentistas
é capaz de chegar – enterra-se vivo àquele que pelo desejo da maioria deveria
ser seu representante.
LULA LIVRE!
1.
terça-feira, 13 de março de 2018
HOMENAGENS A HORIN DAIGYO DAIOSHÔ
Dia 11 de março de 2011 aconteceu o trágico tsunami no Japão. Mestre Moriyama desaparece e sua
ausência é oficializada três anos mais tarde. Ele é um dos fundadores da comunidade Zen Vale dos Sinos, uma montanha onde seu cajado trilhou passos. Ele nasceu no dia 29 de março de 1938. Estaria fazendo 80 anos.
Que seus votos tenham sido todos realizados!
Honorável Mestre Horin Daigyo Daioshô!
quinta-feira, 1 de março de 2018
OS ÚLTIMOS ENSINAMENTOS DO TATHAGATA
Segundo os eruditos japoneses, o Buda histórico, teria
entrado parinirvana, na madrugada do dia 14 para o dia 15 do 2º mês lunar. Seria
então, no dia 15 de fevereiro. Fica mal e se deita entre as árvores e faz o seu
último sermão. Um gesto de extrema compaixão, falando a todos que o ouviam,
especialmente seus discípulos mais próximos, monges , monjas, leigos e leigas.
Gente pobre, gente rica,
diz-se que até os animais o escutavam. Os ensinamentos que ele profere nesse
último sermão, serão os mesmos que Mestre Dogen , o fundador do zen faria, 1300
anos depois, nos seus últimos momentos de vida, no Japão.
Num texto que mestre Dogen
escreveu sobre esses últimos ensinamentos, diz:
“Budas são grandes seres
humanos. O que os grandes seres humanos realizam é chamado As oito verdades dos
grandes seres humanos.”
E realizar este darma é
causa de nirvana. O estado de serenidade e paz. Foi o último ensinamento de
nosso mestre original Shakiamuni Buda, na noite que ele entrou nirvana, a
completa extinção, a morte.
As oito verdades dos grandes
seres humanos são:
1º Poucos desejos;
2º Conhecer a satisfação;
3º Apreciar a tranquilidade;
4º Praticar diligência;
5º Não perder a plena
atenção, mindfulnes;
6º Praticar o estado
equilibrado de Djana – Zen – meditação;
7º Praticar sabedoria;
8º Não se perder em
discussões à toa;
Aí, Dogen Sama diz, citando
o sutra: Essas são as 8 verdades de um grande ser humano.
Cada um é equipado com as 8.
Assim, elas são ao todo, 64. E quando a extendemos, são incontáveis. E quando
as juntamos são 64.
São o último ensinamento do
grande mestre Shakiamuni Buda. São a instrução do grande veículo. São a grande
canção do cisne.
No meio da noite do 15º dia
do 2º mês lunar. Depois disso ele não pregou o Darma novamente e, finalmente
ele entrou Parinirvana.
Buda disse: “Constantemente se esforcem. Com a mente não
dividida, a procura da verdade da libertação.
Todos
os Darmas no mundo, que se movem e que não se movem, sem exceção, perecem e tem
formas instáveis.
Parem
por um momento, não falem mais, o tempo passa e eu estou morrendo. Este é o meu
último ensinamento.”
terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
Oito Verdades dos grandes seres humanos:
1º) Seres de poucos desejos;
2º) Conhecem a satisfação e a suficiência;
3º) Apreciam a tranquilidade;
4º) Praticar diligência;
5º) Não perder mindfulness – esse pensar, essa atenção plena. Manter a
mente correta, a atenção correta.
6º) Praticar o estado de equilíbrio de Djana – Zen – meditação.
7º) Praticar Sabedoria: Ouvir, pensar, praticar e experimentar. Tudo
isto tem que estar junto para ser Sabedoria.
Buda disse: Se vocês tiverem sabedoria, então estarão sem ganância e sem apegos. Constantemente reflitam e observem a si mesmo. Você evitará que se perca. Isto é ser capaz, dentro do meu darma, de obter a libertação.
A Sabedoria é como um navio forte atravessando o oceano da velhice, doença e morte. É como uma tocha brilhante atravessando a escuridão da ignorância. O bom remédio para todas as doenças, é o machado afiado que corta a árvore da angustia. Por esta razão, vocês devem ouvir, considerar e praticar a sabedoria e desenvolver-se. Se um ser humano possui a luz da Sabedoria, mesmo com seus olhos comuns terá a visão clara. A visão Buda. Isto é chamado de Sabedoria.
Buda disse: Se vocês tiverem sabedoria, então estarão sem ganância e sem apegos. Constantemente reflitam e observem a si mesmo. Você evitará que se perca. Isto é ser capaz, dentro do meu darma, de obter a libertação.
A Sabedoria é como um navio forte atravessando o oceano da velhice, doença e morte. É como uma tocha brilhante atravessando a escuridão da ignorância. O bom remédio para todas as doenças, é o machado afiado que corta a árvore da angustia. Por esta razão, vocês devem ouvir, considerar e praticar a sabedoria e desenvolver-se. Se um ser humano possui a luz da Sabedoria, mesmo com seus olhos comuns terá a visão clara. A visão Buda. Isto é chamado de Sabedoria.
8º e último): Não se
perca em discussões à toa. Vá além da discriminação. Perfeitamente realizar a
forma real. Isto é não se engajar em discussões.
Buda disse: Se
vocês se engajarem em toda sorte de discussões desnecessárias, sua mente será
muito perturbada. Embora vocês possam ter deixado sua família, você será
incapaz de se libertar. Por isto, imediatamente você deve abandonar estas
discussões que perturbam a mente. Se vocês querem obter a alegria da serenidade
devem inibir a discussão inútil. Isto é chamado não se engajar em discussões
inúteis.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
Oito Verdades dos grandes
seres humanos:
1º) Seres de poucos desejos;
2º) Conhecem a satisfação e
a suficiência;
3º)
Apreciam a tranquilidade;
4º) Praticar diligência;
5º) Não perder
mindfulness – esse pensar, essa atenção
plena. Manter a mente correta, a atenção correta.
6º) Praticar o estado de
equilíbrio de Djana – Zen – meditação:
Buda disse: Se vocês
regularem a mente, então a mente ficará num estado equilibrado. Porque a mente
existe no estado equilibrado. Você será capaz de conhecer a forma do darma – do
surgir e desaparecer do mundo. Por esta
razão você deve ser diligente em praticar todas as formas de equilíbrio. Quando
uma pessoa obtém o estado equilibrado, a mente não se dissipa. É como alguém
que dê valor a água, e atentamente repare algum vazamento no reservatório.
Praticantes devem ser assim para o bem da água da sabedoria.
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
OITO VERDADES DOS GRANDES SERES
Oito Verdades dos grandes
seres humanos:
1º) Seres de poucos desejos;
2º) Conhecem a satisfação e
a suficiência;
3º)
Apreciam a tranquilidade;
4º) Praticar diligência;
5º) Não perder mindfulness – esse pensar, essa atenção plena. Manter a
mente correta, a atenção correta.
Buda disse: Vocês que
procuram por bons conselheiros, que procuram por bons auspícios, nada é melhor
do que não perder a plena atenção. Se perder, os bandidos da aflição embarcam.
Se a possuir e não a perder, os bandidos da aflição serão incapazes de
invadi-la. Por esta razão você deve constantemente regular seus pensamentos,
mantê-los em seus lugares, na sua mente. Aqueles que perdem a plena atenção,
perdem todas as virtudes. Se o poder de sua atenção for sólido, forte, mesmo se
você está entre bandidos, os bandidos dos 5 desejos, você não será ferido por
eles. É como entrar num campo de batalha
com uma armadura, e não ter nada a temer. Isto é chamado de não perder a plena
atenção – mindfulness.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
CERIMÔNIA DE PRECEITOS - JUKAI-Ê
"Ju significa 'receber' e kai significa 'Preceitos Budistas'. Portanto, Jukai significa 'receber os Preceitos'. O caminho tradicional para entrar na ordem Budista é receber os preceitos budistas. É a cerimônia que marca a entrada na vida Budista, a formalização para tornar-se discípulo de Buda."
Comentário de Gudo Nishima e Chodo Cross in Shobogenzo - Livro 4.
Comentário de Gudo Nishima e Chodo Cross in Shobogenzo - Livro 4.
HOON SESSHIN - RETIRO DE GRATIDÃO
Dia 15 de fevereiro se celebra o Parinirvana de Buda, seu falecimento. Na madrugada de seu passamento, estava deitado entre duas árvores salas e, num ato de extrema compaixão, fez seu último sermão, aos seus discípulos monges e monjas, leigos e leigas. Contava então com 83 anos e sabe-se que foi causada por uma disenteria. Esse último discurso chama-se Parinirvana Sutra.
O Zen Vale dos Sinos celebrou esta passagem em retiro, onde tivemos a grande honra de receber Monja Coen Roshi para celebrar conosco esta data, assim como abençoar os 10 anos da comunidade Zen Vale dos Sinos.
Segue algumas fotos que registram esta passagem.
O Zen Vale dos Sinos celebrou esta passagem em retiro, onde tivemos a grande honra de receber Monja Coen Roshi para celebrar conosco esta data, assim como abençoar os 10 anos da comunidade Zen Vale dos Sinos.
Segue algumas fotos que registram esta passagem.
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