segunda-feira, 25 de junho de 2018


RELATO DE UM ENCONTRO

Dia 19 de junho fui uma das convidadas para uma Roda de Conversa no Fire – Fórum Inter Religioso e  Ecumênico, realizado na FLD –Fundação Luterana de Diaconia. O outro participante foi o candidato a governador Miguel Rosseto, grande humanista, foi ministro no governo Dilma, pessoa muito agradável e de um caráter irrepreensível. A terceira integrante, Yiá Sandrali de Oxum não pode comparecer pois foi acometida por uma gripe muito forte, o que impediu que viesse.
O propósito do encontro era a unidade das esquerdas e o papel das religiões no atual cenário brasileiro. Um espaço de fala, de encontro, de reencontro, de reunir forças e seguir na resistência, um sendo suporte para o outro. Lembra-me o bordado do ramo de pinheiro, último item no rakusu(mini manto do Buda), que representa a sanga, a comunidade budista, que sozinhos  somos frágeis como um pinheirinho  que enverga frente as adversidades, mas muito pinheiros juntos, dando-se apoio mútuo, todos conseguem crescer em direção ao sol, à claridade.
Os presentes eram representantes de agremiações, de CEBS, Movimento Fé e Política, FLD, Conic, MTD, uma representante da Dep Fed Maria do Rosário, MNDH(movimento nacional de direitos humanos) um representante do movimento anti - manicômios , M3D – movimento, democracia, diálogo e diversidade e outras pessoas interessados e preocupados com os rumos da democracia no Brasil.  Durante as apresentações , acentuei as divisões que o Brasil tem vivido, que isto também aconteceu dentro do Budismo e,  frente a isto houve a inciativa de criar uma Frente de Budistas Progressistas. Fiquei surpresa pelas demonstrações de aprovação e saudação a mais este movimento.
Percebe-se que, para além da criminalização da esquerda, principalmente do PT, a prisão ilegal de Lula, cada vez mais a população está se dando conta que o futuro do Brasil, principalmente  a sua recém e débil democracia sofrendo um novo revés, a fragilidade das instituições , os rumos da economia, o desrespeito sistemático à constituição de 88, a precarização geral,  que primeiro atingiu de morte os mais pobres, agora está fazendo água, e chegando à classe média, que incauta, inicialmente apoiou o golpe que destitui uma presidente sem crime de responsabilidade. Esse segmento da população também está começando a se organizar, com uma proposta suprapartidário,  como foi a apresentação por parte de seu representante, um pastor Luterano, da sua Carta de Princípios.
Iniciei abrindo o debate e em seguida foi a vez de Miguel Rossetto. Dividi com o grupo o meu entendimento sobre o momento de paralisia do povo. Um elemento novo me chamou atenção justamente por estes dias. Quando o Brasil estreou na copa, dia 17 de junho, no momento do gol, ninguém, absolutamente ninguém, num raio de alguns km, soltou um foguete. E eu moro num lugar onde uma das minhas contrariedades é foguetório para qualquer coisa. Este silêncio foi muito barulhento, revelador...era o silêncio de um luto,  de uma perda .  Neste ponto eu desviei o assunto sem responder: que luto seria este? Coisa que no circular da palavra, Miguel, com sua sensibilidade respondeu, certeiro como um velho e bom psicanalista: O Golpe foi de uma tal brutalidade e violência que sequestrou a identidade  que o povo tinha com o futebol. Eu diria mais, o signo que representava isto era a camisa amarela da seleção– essa sim, confiscada do povo. Grande parte da classe média , influenciada pela imprensa alinhada com o golpe,  sob o pretexto da corrupção, tomou para si a tarefa de higienizar o país, introduzindo um confronto entre a bandeira verde/amarela do país e a bandeira do PT – de maneira soberba, vaidosa e acreditando-se virtuosos, confiscam também a bandeira do Brasil. Vestem a bandeira do país para desapear a democracia. Esta cena só é comparável com tragédia grega.  Na sequência , o povo fica cada vez mais excluído e privado de ser o protagonista dos destinos da nação. Dessa forma o povo ficou órfão de seus símbolos, só restando a concretude do silêncio catatônico.
Mas a gente sabe que a história é feita da altos e baixos. Seguimos resistindo.
E neste propósito, estamos organizando uma caravana ao acampamento Marisa Letícia para somarmos nossas vozes ao Bom Dia Presidente Lula. Deverá acorrer entre os dias 28 e 29 de setembro.
Monja Coen aceitou o convite para fazer uma visita a ele, no dia 28 de setembro.
Vamos nos organizando.
Uma abraço.

Monja Kokai Sensei

sexta-feira, 15 de junho de 2018

sexta-feira, 1 de junho de 2018