segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
terça-feira, 7 de novembro de 2017
domingo, 22 de outubro de 2017
ROHATSU SESSHIN
Este é um retiro em que é possível fazer uma imersão na meditação zazen, nos ensinamentos zen budistas, assim como nas demais práticas que compõem a rotina de um mosteiro.
PROGRAMAÇÃO
DIA 08
18 h - Chegada e acomodação
19 h - Jantar
20 h - Zazen ( meditação sentada)
21 h - Cerimônia de abertura
22h - Recolhimento
DIA 09 - Sábado
6h30 - Despertar
7h - Zazen 30-10-30
8h10 - Cerimônia da manhã
8h40 - Desjejun
9h30 - Samu(trabalho em grupo)
10h30 - Ensinamentos
11h10 - Zazen
11h30 - Cerimônia do meio-dia
12h - Almoço com oriokis
13h - Descanço
14h - Zazen 30'10'30
15h10 - Ensinamentos
16h - Intervalo
16h15 - Zazen
16h45 - Cerimônia vespertina
18h - Jantar
Intervalo para banho e descanso.
20h - Zazen 30
Kinhin 10
20h40: Teischô
21h10 : Recolhimento
DIA 10 - Domingo
6h30 - Despertar
7h - Zazen 30'10'30'
8h10 - Cerimônia da Manhã
8h40 - Desjejun
9h30 - Samu
10h30 - Ensinamentos
11h10 - Zazen
11h30 - Cerimônia meio-dia
12h00 - Almoço
13h - Palavras finais
14h - Encerramento
Durante todo o retiro pede-se para praticar o nobre silêncio.
Mais informações serão enviadas a todos que solicitarem.
Em gasshô!
sábado, 7 de outubro de 2017
DARUMA-KI Homenagem a Bodidarma.
Caso Principal:
Imperador Wu de Liang
perguntou a Bodidarma:
Qual é o princípio
dos ensinamentos sagrados?
Bodidarma disse,
“Vazio, nada sagrado.”
“Quem está de pé a
minha frente?”
“Não saber.”
O imperador não
apreendeu seu significado.
Assim sendo Bodidarma
cruzou o rio e foi para a terra de Wei.
O imperador mais
tarde falou sobre isso com Shikô, que disse:
“O senhor sabe de
fato quem é essa pessoa?”
O imperador disse: “
Não saber.”
Shikô falou:
“Este é o Bodisatva
Kannon, que guarda o selo da mente Buda.”
O imperador sentiu
profundo arrependimento e queria enviar alguém para Bodidarma, mas Shikô disse:
“Não adianta enviar
um mensageiro para o trazer de volta. Mesmo que todas as pessoas fossem, ele
não voltaria.”
TEISHÔ
Apesar de insegura e insuficiente
em prática e sabedoria, fui nomeada Monja líder e devo honrar esta obrigação, o qual recebo como uma oportunidade para avaliar o meu grau de compressão do
Darma de Buda. Como caso principal, tenho o compromisso de estudar a vida e
ensinamentos do Grande Mestre Bodhidarma, 28º ancestral do Darma.
Seu
nome originalmente era Bodaitara, terceiro filho de um rei(Rajah) , no sul da
Índia. Nasceu em torno de 440( algumas fontes citam final de século V) Seu pai
admirava muito o 27º professor do Darma, Prajnara ou Hannyatara, e era devoto do Budismo. Certa vez, Hannyatara
foi convidado para ir ao palácio e quando lá, recebeu uma linda jóia, e a usou
para testar os três filhos do rei, perguntando: “O que vocês acham dessa jóia?” O primeiro príncipe respondeu – “Essa é a
coisa mais inestimável do mundo.” O segundo disse: “É mesmo. Ela é tão
magnífica que nem mesmo uma grande pessoa pode possuí-la.” Então era a vez de
Bodaitara, que tinha apenas 08 anos. E você, o que acha? O menino permaneceu em
silêncio. Hannyatara chegou a comentar
que talvez ele fosse muito pequeno para responder, no que o menino disse: “Essa
é uma jóia mundana e por isto não pode ser classificada como a melhor. Eu
considero o Darma como o melhor tesouro.” Hannyatara ficou impressionado com a
compreensão do menino, pois o que ele
queria dizer era que o brilho da jóia era mundano comparado com o brilho da
sabedoria. O menino continuou: “ Eu considero a luz da sabedoria como a melhor
luz. A luz brilhante desta jóia não pode iluminar a si mesma, mas precisa da
luz da sabedoria para ser percebida.”
Hannyatara compreendeu que estava diante de um sábio e que este viria a
ser o seu sucessor no Darma, mas que causas e condições ainda não eram
propícias para que o menino o acompanhasse. naquele momento. Apesar disso, foi
nesse encontro que aconteceu o diálogo de mente a mente – Ishin den shin –
Mestre Hannyatara pergunta: O
que, dentre todas as coisas é sem forma?
Bodaitara: Não surgir é sem
forma.
Mestre: O que dentre todas as
coisas é a mais exaltada?
Bodaitara: O sentido de eu e
outros é o mais exaltado.
Mestre: O que dentre todas as
coisas é suprema?
Bodaitara: A verdadeira natureza
de todas as coisas é suprema.
Foi neste diálogo que aconteceu a
transmissão de mente a mente, entre mestre e discípulo – ishin den shin, mas
Hannyatara sabia que a hora ainda não havia chegado.
Algumas vivências importantes
foram similares quando ainda muito jovens,
pelos que vieram a ser os mais importantes ancestrais do Darma. Tanto
Shakayamuni Buda, Bodidarma e Dogen provêem
de famílias nobres e ricas. Ainda com seu nome mundano, Sidarta, ao sair do castelo, foi impactado
pela dor e sofrimento existentes naquela época – a verdade sobre o sofrimento
da doença, velhice e morte. Para mim aí iniciou o grande despertar daquele veio
a ser o Buda Histórico. Ou melhor, acho
que até antes, em sua infância. Uma criança, quando chega na idade de dominar
relativamente bem a linguagem, lá pelos 7-8 anos, consegue expressar uma
sabedoria impressionante, pois ainda não está totalmente atravessada pela
cultura dominante e institucionalizada. Eu, como terapeuta infantil, já tive a
grande sorte de presenciar tais situações, que são muito emocionantes. Dogen,
com a morte dos pais, o pai aos 4 e a
mãe aos 8 anos, questiona a obtenção do nirvana somente após a morte e por quê
não aqui e agora, ainda em vida? Bodidarma também, quando morre seu pai ,
provavelmente ainda um adolescente, entra em samadhi(concentração profunda)
diante de seu caixão. Em comum, o sofrimento, esse choque de realidade que a
morte de pessoas amadas e necessárias impõe. E todos os grandes mestres se
dedicaram às questões relativas à vida/morte - sua compreensão e significado. Bodidarma,
no Sermão do Despertar diz “Cada sofrimento é uma semente de Buda, devido ao
sofrimento impelir os mortais a buscar sabedoria. Mas você só pode dizer que o
sofrimento gera buditude. Você não pode dizer que sofrimento é buditude. Seu
corpo e mente são o solo. O sofrimento é a semente. A sabedoria é o broto e a
buditude é o fruto.” Mestre Dogen disse que clarificar completamente o
significado de vida-morte é o assunto mais importante para todos que trilham o
caminho iluminado. Essa questão que nos convoca a aprofundar na compreensão é
complexa pois contempla as marcas indeléveis do Darma de Buda, a impermanência,
o não-Eu e o Nirvana- onde habita o Vazio, que tanto Bodhidarma apontava. O
vazio de uma existência fixa e permanente, o vazio do desejo de agarrar-se ,
apegar-se ou pegar algo, o vazio do Eu – que não há nada que tenha existência
própria, fixa, permanente e incondicionada. Ou seja, eu sou na medida que tu
és, tu sé na medida que nós somos, nós somos na medida que há um cosmos que nos
promove e acolhe – infinita mente.
Após o funeral do pai, Bodaitara foi encontrar Hanyatara e pediu para
deixar sua casa, se tornando monge. Hanayatara sabia que o tempo havia chegado
e fez com que Bodaitara recebesse os preceitos completos. Em seguida, Bodaitara
sentou-se em meditação por mais sete dias no quarto do venerável, recebendo
ensinamentos sobre o zazen. Hannyatara disse: “Você agora atingiu tudo aquilo
que existe para saber sobre todos os darmas. Darma siginifica “Amplitude de compreensão”, então
você deve passar a chamar-se “Darma”. Ficou então Bodhidarma, Bodaidaruma.
Permaneceu junto ao seu mestre
durante mais de quarenta anos. Realizou o Darma com muita profundidade na
Índia, e depois de 61 da morte de Hannayara,
Bodhidarma deveria levar o Budismo para a China, pois as condições
estavam propícias. Bodhidarma já estava com mais de 60 anos quando atravessou o
oceano , numa viagem que levou 3 anos para chegar à China. Chegando lá, seguiu
as profecias de Hannyatara, para não permanecer no sul, pois lá as pessoas
apenas valorizavam ações condicionadas para acumular méritos, e não conseguiam
compreender o verdadeiro princípio dos
ensinamentos do Buda. Mais tarde ficou sendo conhecido como “Escola do Norte”.
(A Espiritualidade Budista, Vol. II p. 8) Foi nessa época, quando a China era
dividida em Sulista e Nortistas, que o Budismo Indiano chegou à China. Os
nortistas tinham mente militarista, enfatizando meditação e mágica e os
sulistas, mais intelectualistas, preferindo as discussões filosóficas. Bodhidarma
além de trazer o Zen para China, introduz a meditação que leva a sabedoria e compaixão – a espada
que corta as ilusões dando e tirando vida – herdada de Hannyatara.
Confirma essa profecia o encontro
que ocorreu entre Bodidarma e o imperador Wu, que sabendo da chegando desse
importante professor, queria ter com ele .
De acordo com A Transmissão da
Lâmpada de Tao-Yuan, obra de 1002, Bodhidarma chegou a sul em 520 . Durante
esse encontro aconteceu o seguinte diálogo entre o imperador Wu e Bodhidarma:
- Que méritos tenho por ter construído mosteiros, traduzir escrituras budistas, auxiliar monges?
- Mèrito nenhum, diz Bodhidarma.
- Qual o mais alto significado
das verdades sagradas?
- Vazio – Nada Sagrado.
- Quem é este que esta de face
para mim?
- Não sei.
O imperador, que era destacado
por ter um entendimento escolástico do Budismo, identificado com a cultura
sulista, intelectualizada, provavelmente racionalizando mais os ensinamentos e
talvez se “perdendo” nas discussões filosóficas, era conhecido como o “Imperador da Mente Buda”. Ele não compreendeu a doutrina do vazio de
Bodhidarma , apresentada a ele pelo ilustre convidado. Talvez
Bodhidarma queria promover a reflexão de que se não se deve esperar
méritos como recompensa de uma boa ação, pois esta não é uma ação virtuosa de
verdade. Mesmo assim, o imperador faz outra pergunta, talvez seguindo uma
lógica secular; se não há méritos em construir mosteiros e ajudar os monges, o que é sagrado então? Novamente a resposta vem com a doutrina do
vazio: Vazio, nada sagrado!
Naquele momento Bodidharma
confimou que deveria seguir para o norte, como havia orientado Hannyatara.
Atravessa o rio Yangtse, que separava o reino do sul – Liang, do reino do norte
- Wei. Chega ao Mosteiro de Shaolin mas fica numa
caverna nas proximidades do templo, fazendo Zazen – de face para uma parede,
durante os nove próximos anos. As
pessoas estranhavam e passaram a conhecê-lo como o “Brâmane que olha para a
parede”, não demonstrando nenhum interesse em falar sobre o Darma ou desejar
ensinar discípulos, apesar da popularidade do Budismo do budismo na China.
Penso que esse “Silêncio” de nove
anos represente a quebra do paradigama entre o Budismo vivido até então na
índia, com sua antiga ideologia de libertação do ciclo de nascimento e morte e
a grande amplitude da cosmologia indiana, diferente da cultura positivista
da China. É nesse contexto que
Bodhidarma introduz o Zen , silenciosamente, na China, privilegiando a prática da
meditação. Talvez esta seja a maior
importância de Bodhidarma que leva para a China o “...ensinamento de que o nirvana nada mais é que samsara percebido em seu
vazio.” (A esp.Budista-Vol II, introdução.) Retoma os ensinamentos fundantes
do próprio Shakyamuni Buda , ensinamento
silencioso, quando o próprio estende uma flor e Makakasho compreende o ato
de Buda de girar a flor em seus dedos ...e quando entra a palavra, esta já não
está sob a influência do Bramanismo da Índia , mas apontavam diretamente para o
que estava sendo vivido no aqui e agora. Que atingir a percepção iluminada da
realidade pode-se dar além das palavras e recitação de sutras. Gugu-dada. Uma
fala sem fala.
“Sentar e esquecer de tudo” – a
expressão ecoa na meditação budista desde o lendário Bodidarma, até o “apenas
sentar – shikantaza, de mestre Dogen.
Só, permaneceu em zazen durante
nove anos. Mestre Dogen disse “Até mesmo o zazen de uma única pessoa num
momento concorda imperceptivelmente com todas as coisas e ressoa totalmente através
de todos os tempos. Assim no passado, no futuro e no presente do ilimitado
universo, este zazen leva adiante o ensinamento de Buda infindavelmente. Cada
momento de zazen é igualmente inteireza de prática, e igualmente inteireza de
percepção. Esta não é somente uma prática enquanto se está sentado, é como um
martelo golpeando o vazio: antes e depois, seu refinado rebate permeia todos os
lugares. Como pode ele limitar-se a este momento? Centenas de coisas manifestam
todas a prática original da Face Original; é impossível medi-las. Sabeis que, mesmo
se todos os Budas das dez direções, tão inumeráveis quanto as areias do Ganges,
exercessem a sua força e com toda a sabedoria dos budas tentassem medir o
mérito do zazen de uma única pessoa, não seriam capazes de compreendê-lo
totalmente.” (Escritos de Mestre Dogen)
Chega até nós, nos dias de hoje,
a vibração deixada pelo zazen de Bodhidarma, o martelo imprimiu sua marca nas
memórias do tempo.
Pouco se sabe sobre Bodhidarma.
Algumas fontes falam que ele teve muitos
discípulos, outras quatro. O mais
famoso, no entanto, é o 29º ancestral na linhagem – Taiso Eka, ou Huiko. Não
sabe-se ao certo se é lenda ou se realmente aconteceu, porém sabe-se que ele
não tinha um braço, na altura do cotovelo, mas diz-se que ele esperou por
muitos dias, na neve, para ser recebido por Bodhidarma. Como isto não
acontecia, ele cortou seu próprio braço, numa tentativa de atrair a atenção do
mestre, que deve ter pensado “esse aí está realmente aprender ...”, e o
recebeu. Registra-se o seguinte diálogo:
Eka: Mestre, por favor, me mostre a verdade. Por
favor, pacifique a minha mente.
Bodhidarma teria dito: Se sua
mente não está em paz e tranqüila, então me traga essa mente.
Eka respondeu: Não consigo.
Bodhidarma disse: É isso. Isso é
uma mente em paz.
Diz-se que Eka iluminou-se nesse
momento.
Os outros três transmitidos foram
Dofuku, Daiku e Soji. Em outras fontes consta que Soji era Nisoji, uma das
filhas do imperador Wu, que falhara em compreender a doutrina do vazio de
Bodhidarma, mas mandou sua própria filha para aprender a verdade.
Há poucos regisitros sobre
Bodidharma e seus ensinamentos, talvez pela própria postura desse grande
mestre, do não-apego a palavras e doutrinas.
Não se sabe ao certo o ano de sua
morte(em torno de 528 d.C). Está enterrado na China, na Montanha Orelha de
Urso.
Reza a lenda que um certo oficial
o encontrou caminhando de volta para Índia, levando consigo amarrada na ponta
do cajado, apenas uma sandália. Diz-se que a outra tinha ficado dentro do
caixão, mas sem um corpo – VAZIO!
Teishô elaborado por Monja Kokai,
para seu Darma Combate, em 04/07/2015.
domingo, 3 de setembro de 2017
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
domingo, 20 de agosto de 2017
terça-feira, 15 de agosto de 2017
RODA DE CONVERSA
Dia 09 de agosto, à tardinha , nos reunimos na FDL -Fundação Luterana de Diaconia para conversarmos sobre o momento atual do Brasil. Essa conversa já vem acontecendo há alguns meses e tem atraído cada vez mais pessoas, que encontram ali um espaço para compreender melhor esse complexo momento, assim como poder falar sobre isso. Nessa troca vamos nos fortalecendo e encontrando novos agentes de mudanças para dar conta dos enormes desafios que temos pela frente, dado que somente a consciência cidadã poderá construir um devir favorável a todos e todas. Quanto mais singular somos, mais devemos desenvolver a capacidade de viver em pluralidade.
sábado, 5 de agosto de 2017
TREINAMENTO DE INVERNO 2017
Entre os dias 14 e 23 de julho aconteceu o treinamento de inverno junto com nossa Mestra Coen Roshi, no Templo Tenzuizenji, em São Paulo. Foram intensos dias de treinamento com aulas, além da rotina de zazen e liturgias que acontecem durante o dia em um templo Zen Budista. Também aconteceram bençãos de aniversário, cerimônia de Obon e duas cerimônias coletivas de Jukai-Ê.
Algumas fotos que registram estes momentos:
Algumas fotos que registram estes momentos:
Cerimônia de Obon
Jukai-Ê Cerimônia de preceitos.
Benção de aniversário de quatro anos.
Dia de cuca feito por Monja Kokai.
Sanguê - benção da sala para cerimônia de Jukai.
segunda-feira, 24 de julho de 2017
terça-feira, 11 de julho de 2017
sábado, 1 de julho de 2017
domingo, 25 de junho de 2017
terça-feira, 13 de junho de 2017
quarta-feira, 24 de maio de 2017
RELIGIOSOS
E POLITICA
Penso que esse é um momento
interessante para fazer algumas reflexões sobre algo que tenho observado nas
redes sociais.
Algumas pessoas expressam em
comentários as suas frustrações quando
uma monja de nossa ordem – Zen Budismo – posta algo que tem a ver com o momento
político atual, desde textos a memes. Não sei o quanto pode haver de misoginia
nesta questão.(assunto para outra reflexão)
Eu mesma já fui censurada
por isto, inclusive com denúncia pois a política do face me proibiu de usar o
nome religioso.
O país vive um momento
político dramático. Ficamos todos muito mobilizados e sensíveis. É cada vez
maior a tensão social, opiniões divididas nas redes socias, dividindo ainda
mais a sociedade.
Participo de dois grupos de
diálogo inter-religioso. Um deles se reúne na Fundação Luterana de Diaconia . É
um grupo com lideranças religiosas das igrejas Luteranas, Anglicanas, Irmãs de
diversas ordens católicas, religiões de
matriz africanas e eu, uma monja zen budista.
Elaboramos uma carta aberta
repudiando o golpe da direita e todos os retrocessos foram enumerados,
denunciados. O outro grupo reúne-se numa universidade jesuíta , numa sala com o
nome de Ignácio Ellacuría, um padre jesuíta que foi executado pelo exército
Salvadorenho, com mais 6 padre jesuítas e duas pessoas civis, num ataque às
suas posições em relação a Teologia da Libertação, vertente da Igreja Católica
que tem uma posição politizada em defesa do povo, principalmente dos mais
pobres e em defesa da Democracia.
Esse momento político
dramático, causado por um golpe parlamentar lesa-pátria, que depôs uma
presidenta legitimamente eleita com 54 milhões de votos, mostrou-se irresponsável, misógino e criminoso, abriu os portais para tudo o que tem vindo
nesse rabo de cometa, lançando sua hecatombe para todos os lados.
Em primeiro lugar, pessoas
que criticam a politização de religiosos geralmente são pessoas desprovidas de
um aporte político. Talvez não saibam nem o que significado de direita e esquerda.
Em segundo lugar, confundem
espiritualidade, religiosidade, religioso/a. A minha reflexão não tem a
pretensão de aprofundar a questão, mas ser um religioso/a não garante a
espiritualidade. Tem uma expressão que diz “presença de espírito”, que é uma condição
humana. Pode haver religiosos sem um mínimo de presença de espírito quanto
leigos e leigas, assim como o contrário também é verdadeiro.
Terceiro, pelos comentários
é possível perceber a frustração que advém do materialismo espiritual, ou seja,
em termos de consumo, este é o produto que o religioso tem a oferecer. Se eu
quero consumir política, recorro aos políticos. Também se percebe aversão a políticos e a política, o que não é
bom pois fragiliza a noção de cidadania.
Quarto, frustra o Ideal de Virtuosidade
que se espera de um religioso/a – há uma expectativa e até um certo grau de
exigência que este seja sobre-humano, sendo portador de qualidades e virtudes
que correspondam à este ideal – bondade incondicional, ausência de erros, que
não tenha necessidades materiais, que viva em pobreza e disponível
incondicionalmente às demandas dos que o buscam. As vezes o grau de exigência é
tão alto que pode causar depressão nos religiosos pois ele não vai conseguir
corresponder. Aí o religioso vai ter que lidar com a desilusão mística que
ajudou a promover, que pode
manifestar-se como uma frustração até sentimentos de ira.
Mas amigos, a vida é uma ato
político, comer é um ato político, o acesso digno à saúde, educação, à
previdência social e ao emprego com garantias e uma renda digna , tudo é
atravessado pela política. Não tem como ficarmos apartados. Se isso ocorre é
por alienação, imaturidade, pouca disponibilidade para, pelo menos, inteirar-se
minimamente com os destinos políticos de sua pátria. Não se exige engajamento e
militância, mas não condenem quem adentra o viés político e que tenha a boa
intenção de defender a democracia e a justiça social. Que bom se todas as religiões e religiosos se
engajassem sinceramente a defender o paraíso, a terra pura, aqui na Terra, para o bem de TODOS os seres.
O religioso, em seu sacro ofício, tem a capacidade de religar corações e mentes, contribuindo
que menos corações sejam rompidos – corrompidos!
segunda-feira, 15 de maio de 2017
quinta-feira, 20 de abril de 2017
terça-feira, 18 de abril de 2017
sexta-feira, 14 de abril de 2017
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