PRECISAMOS FALAR SOBRE POLÍTICA.
Uma cena
hoje me comoveu. Eu caminhava para minha hidroginástica e percebi um cachorro de rua perambulando na calçada.
Caminhava visivelmente cansado e com fome. Fuçou num lixo em busca de comida e
foi corrido por um senhor. Enquanto
transitava na calçada outros cachorros latiam para ele de dentro dos pátios das
residências, demarcando seus territórios. O cachorro, em seu desamparo, ora
saia da calçada e ia para rua, quando vinha carro voltava para calçada. Mais a
frente o vi entrando num Posto de Saúde. Ele permaneceu no pátio , perto de uma
fila de pessoas. Parece que ali ele encontrou um refúgio onde por breves momentos poderia se
recuperar de seu cansaço pois ninguém o escorraçou. Talvez por piedade ou/e por
ser um espaço público , onde ninguém é o dono ao mesmo tempo que todos são,
ninguém teve a iniciativa de enxotá-lo dali. Segui meu trajeto e não sei o paradeiro
do pobre cão. Fiquei refletindo. Moradores de rua tem nos espaços públicos, praças, estações de metrô, marquises e viadutos como locais onde podem se recuperar de suas
andanças intermináveis. Em tempos de
políticas neoliberais que tentam convencer a população que achatar o Estado,
diminuir o Estado e com isto as políticas sociais, é o
mais eficaz em nome da eficiência e modernidade , que é a única solução para
resolver a crise, assisto a tudo isto com muita preocupação. A política das privatização reduz o compromisso que o Estado
tem com o espaço público, com o coletivo, com o bem-estar social. Nessas
condições a pobreza e o desamparo aumentam assustadoramente. Como religiosa que
sou, monja Zen Budista, as vezes vem uma “cobrança” e uma expectativa que eu
possa assumir iniciativas de realizar trabalhos comunitários e voluntários para
dar alguma assistência aos pobres e miseráveis. A Igreja Católica é uma
referência nesse sentido e é compreensível que esse olhar seja dirigido para
mim, como religiosa. Quando fui ordenada monja eu própria me cobrava “Faça
alguma coisa”. Caridade e culpa são vetores cristãos. Me percebo contaminada
por esta influência cristã e tenho que discernir entre esta postura e os
preceitos budistas. As regras de ouro do cristianismo e do budismo são
parecidos. Se pautam em misericórdia e compaixão. Fazer o bem a todos os seres.
Fazer o bem sem olhar a quem, como dizem.
Desde 2014 o
Brasil tem vivido fortes turbulências políticas que interferem no espaço
público e privado. As coisas evoluíram de forma que os mais prejudicados
novamente são os pobres e os oprimidos. Enquanto eu vivia o dilema pessoal
sobre qual a melhor forma de colocar meus serviços religiosos à serviço dos
outros, como cidadã fui acompanhando todo o cenário político do país e com isto
aprendendo sobre política. Assim concluí
que neste momento, a minha melhor contribuição será me somar a tantos ativistas
que cobram as devidas políticas sociais, lutar por justiça social. Há debates
amplos que devemos nos envolver mas que estão interditados , assunto para outro momento . Um dos grandes
debates interditado é sobre política.
“Política e religião não se discute”. À serviço de quem e do quê isto se
mantém? Devemos começar desconstruindo esta falácia. Para bem de todos os seres!
Bom ler isso! O Dharma a serviço dos excluídos, de quem mais precisa de ajuda na sociedade.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário que me estimula a seguir nessa tarefa.
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