Dilma Vana Rousseff
A Presidenta legítima.
Ainda assimilando a oportunidade de
participar do café (na verdade era suco de uva) com Dilma Rousseff. Ela recebeu
um grupo de mulheres envolvidas em movimentos inter-religiosos e ecumênicos,
assim como ativistas por direitos humanos e cidadania.
Algo no mínimo curioso antecedeu este
encontro. Faziam poucos
dia que eu havia voltado de São Paulo onde estava em retiro com minha mestra,
Monja Coen. Lá eu comprei um livro na lojinha do Templo e pedi que Coen Roshi
fizesse uma dedicatória para Dilma Rousseff. O nome do livro é Para uma Pessoa
Bonita, escrito por uma mestra zen japonesa, a mestra da minha mestra, Shundô Aoyama
Roshi. Cheguei no RS e ainda não sabia como faria para que o livro chegasse até
ela. Dois dias depois recebo o convite para participar desse encontro. Tempo e
espaço conspirando! Causas e condições estavam postas.
Ela era aguardada com muita
expectativa e excitação pelo grupo de mulheres. A recebemos com muita alegria e
ela estava muito à vontade. Pessoalmente eu achava que ela ficaria conosco uns
15 minutos e iria embora. Mas ela foi ficando, falando sobre a vivência dela
como presidenta, as principais dificuldades vividas nessa relação de uma mulher
num cargo dessa envergadura , as
resistências que encontrava, o preconceito e a misoginia que atravessou todo o
processo que culminou no impedimento, no golpe de estado. Foi generosa em
presença, em falas e depoimentos, foi esclarecedora sem ser monótona, sua
narrativa era de quem contava uma história, um parte importante da história
recente desse país, que tivemos a honra de ouvir da própria voz da principal
protagonista. Somos testemunhas vivas desse tempo e lugar. Podemos imaginar o
significado disso para as nossas vidas?
Falou sobre o câncer
que teve, sobre a ditadura e sobre a prisão e tortura
que sofreu.
Pessoalmente, sinto-me afortunada. Mas posso afirmar: Eu
mereço viver este momento. Não que eu tenha feito algum esforço ou algo
especial para isto. Simplesmente tive o mérito de escolher o lado certo da
história, não ter vacilado em nenhum
momento de confiar na honra e honestidade dessa mulher. Sou psicoterapeuta há
30 anos e muitas histórias já ouvi. O ouvido do terapeuta vai ficando treinado
para pinçar incoerências e dilemas. Não é da minha competência identificar e
nem julgar os possíveis dilemas dessa mulher. Mas posso afirmar que em três
horas de falas, responder às perguntas, estar generosamente presente de
corpo e alma como se diz, eu não percebi nenhum incoerência. É isso que a deixa
tão verdadeiramente ela mesma. Me impressionou seu discernimento de não levar
para o lado pessoal essa vivência que poderia ser tão avassaladora. Ela
suportou tudo de cabeça erguida. Caiu mas caiu de pé. Getúlio Vargas não suportou.
Bela, elegante e altiva. Forte, muito forte, apesar de
feições e mãos delicadas. Sua força vem de dentro, sua voz revela isto. Simples e natural, muito mais atualmente, fora
das pressões palacianas.
Mais uma vez a vida lhe impôs desafios. Nesse cenário todo de
traição, corrupção, intrigas, jogos de poder e tudo o de mais abjeto, ela
emerge feito flor de lótus, flor de extrema beleza. Essa flor nasce na lama, da
lama mas não se macula por ela. Dilma emergiu dessa lama toda intocada por ela.
Talvez se não fosse esse mar de lama toda a sua beleza e grandeza não teriam
sido tão expostos.
Vida longa à Dilma Vana Rousseff!
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