O BRASIL DE GOLPE EM
GOLPE
Quando poderes se alinham para
derrubar algo, como se diz, a união faz a força. À força derrubaram um governo
legitimamente eleito. Miraram na Dilma e no PT, mas acertaram a democracia, e
por isto, todos pagamos. A menos que você seja muito rico, que não precise
trabalhar nessa vida, seja dono do capital e não dependa do trabalho para
viver, independente de raça, religião, orientação sexual, partido político,
todos acabam sofrendo as consequências do antes e depois do golpe. Mais um
golpe...de golpe em golpe...
De todos os desafios que o Brasil
tem que superar para poder avançar, a desigualdade social é o maior deles, pois
é um dos países mais desiguais e injustos do planeta. É o ponto de partida para
melhorar todos os demais índices que demonstram quando um país está conseguindo
se organizar por conta dos investimentos
que são feitos em educação, saúde
e segurança, gerando um clima de
estabilidade e previsibilidade de que seus projetos de futuro terão um solo seguro para se
apoiarem. Não tem como superar estas desigualdade sem a presença do Estado.
O ser humano, por sua própria natureza , é frágil , sente medo e insegurança, mesmo quando vive
num contexto tranquilo e sem grandes privações. É um ser social e grupal, o que
garantiu sua sobrevivência como espécie. Ao ser humano foi dado a consciência e
capacidade de compreender o seu entorno. Temos medo do que não conhecemos,
temos medo do futuro, temos medo de adoecer, medo de perder nossos afetos, e
temos muito medo da loucura e da morte. Grande parte desses medos é criação de
nossa mente, que as vezes nos acena com cenários terríveis. Quando estamos imersos
num ambiente instável e abalado social e
politicamente, uma atmosfera
instável e temerosa se instala e todos os medos ficam potencializados. Os
sintomas sociais também aumentam gerando um ambiente de cada um por si, tudo fica mais
disputado, aumenta o individualismo e a
competição. No Brasil pós golpe, o povo dividido entre si e os sectarismos, ,
cada um defendendo suas ideias e interesses se somaram, aumentando a
intolerância, a violência e crimes de ódio, principalmente contra mulheres,
negros, pobres e população LGTBI. No meu consultório os diagnósticos que tem
trazido as pessoas para psicoterapia são Transtorno de Ansiedade e de Pânico,
Estresse pós-traumáticos e transtornos de adaptação. São diagnósticos de países
em guerra e que aumentaram desde 2013, época que iniciaram os protestos pelo
aumento da passagem – que não eram somente os R$ 0,20 – que a direita, que perdeu a eleição , oportunamente, aproveitou e,
a partir daí vieram os movimentos Vem
pra Rua e MBL. De lá pra cá, a história
vai contando. Um dos objetivos era a
retirada de direitos e transformar o povo brasileiro em mão de obra barata.
Pois só não conseguiram retirar direitos conquistados a 50 anos, assim como
acabaram com os empregos formais, com 14 milhões de desempregados e 60 milhões
na informalidade. Cortes nos
investimentos em saúde, educação, privatizações e desnacionalização, o que
representa perda de soberania, fora que todo lucro vai para o exterior. O golpe
foi continuado, simultaneamente ao alinhamento de instituições que deveriam
defender os interesses do pais. Sob o pretexto da corrupção, se alinharam os
principais meios de comunicação(Globo, revista Veja, etc)parte do Judiciário,
Lava-Jato, PGR, STF, a PF, o exército, as bancadas da bala, do sistema
financeiro e ruralistas – todos esses aguçados pela ambição de ganhos pessoais
em detrimento das necessidades do país. O que temos hoje? Um país isolado e
desacreditado no mundo. As últimas bizarrices foram os incêndios provocados na
Amazônia – 10 de agosto – era para ser um protesto pró-Bolsonaro. Como
se atrevem, como diz a jovem ativista Greta?
Quem fará cara feia para esta turba
que não sabe o que significa limites?
Temos que assumir que nossos
desafios são enormes. Enquanto o Japão consegue oferecer vasos sanitários Toto
para seu povo, aqui no Brasil ainda não superamos a tração animal para certos
trabalhos. Ainda temos que dividir espaço com carroças nas estradas. Isto é
muito revelador.
No Budismo diz-se que temos as
Três Joias – Buda, o fundador histórico que nos lembra que todos podemos nos
iluminar, ser o Buda. Em sânscrito buda significa o desperto. A segunda joia é
o Darma , os ensinamentos budistas e a
terceira joia é a sanga, a comunidade de praticantes. Nos grandes templos e
mosteiros, no portal principal que dá acesso, de cada lado tem esculturas em
madeira dos guardiões. São esculturas grandes, que podem ter de 3 a 6 metros.
Tem como características as caras com expressões assustadoras, uma com a boca
aberta, a outra com boca fechada, irados , a intenção é botar medo mesmo – são
guardiões de espaços sagrados que guardam coisas preciosas, e que por isso
mesmo, podem ser motivo de ataques, disputas, calúnias e mal-feitos. Precisam
ser protegidos para que se preservem.
Trazem nas mãos lanças, espadas,
cordas e outros objetos que podem ser usados para defender que nada prejudicial
possa adentrar por estes portais.
Tenho me feito algumas perguntas:
- Qual era e é o nível de nossas defesas para
que os ataques à nossa soberania e democracia fosse/sejam tão fáceis? Somos um
corpo social com baixa imunidade, ficamos e estamos adoecidos como tecido
social.
- Quem seriam nosso guardiões?
Esperava-se que fosse a constituição de 88 que aí está para ser respeitada e
seguida.
- Que podemos e devemos fazer
para fortalecer nossas defesas para reduzir os danos pelos estragos feitos até
agora?
O mundo já tem problemas demais.
Temos os maiores movimentos migratórios depois das segunda guerra mundial.
Povos que fogem por calamidades como guerras, fome e sede e desastres
ambientais.
Se seguirmos com nossa imunidade
tão baixa, de golpe em golpe, poderá ser o nosso futuro.
É imperdoável o que fizeram com o Brasil!
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