sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Convite




OFICINA DA INTRODUÇÃO AO ZEN BUDISMO
DOMINGO - Dia 02 de novembro
Horário: 17h
Pede-se para vir com roupas confortáves
Confirmar presença através do 91338990
Contribuição: 15,00

terça-feira, 21 de outubro de 2014

CELEBRAÇÃO DAS ÁGUAS.

A celebração das Águas 2014 na Bacia do Sinos, promovido pelo Comitêsinos, teve seu auge nesta 5a feira, dia 02 de outubro, em uma solenidade que reuniu dezenas de alunos, professores, autoridades, religiosos e artistas. O evento aconteceu à tarde, na Galeria Cultura da Biblioteca da Unisinos, com delegações vindas de toda a região onde a Bacia do Rio dos Sinos abrange: Caraá, Santo Antonio da Patrulha, Parobé, Taquara, Igrejinha, Sapiranga, Campo Bom, Novo Hamburgo, Estância Velha, Portão e Esteio, além do município anfitrião - São Leopoldo.
Todos trouxeram as águas coletadas em seus rios ou arroios e participaram da cerimônia onde esta água foi misturada, seguida de reflexão sobre o cuidado e preservação de nosso recursos hídricos. 





sexta-feira, 10 de outubro de 2014

FALA AO PEQUENO HOMEM


ESCUTA, ZÉ NINGUÉM
FALA AO PEQUENO HOMEM

            Preocupada e, agora sim, com medo, procuro compreender o resultado das eleições de 2014. Como explicar que, no Rio Grande do Sul, o candidato a deputado estadual, Luiz Carlos Heinze(PP) tenha sido o mais votado? Ele, que foi autor da fala de que índios, quilombolas e homossexuais são tudo “aquilo que não presta”.
Como explicar que Lasier Martins, aquele que defende o argumento de que se resolveria o problema da fome no mundo se os obesos comessem menos, sobrando, então, comida para os famintos?
Como entender que Suplicy e Olívio Dutra não tenha sido eleitos, já que a maioria do povo, num processo democrático, escolheu Serra e Lasier para o Senado?
Suplicy e Olívio – grandes homens, amorosos, nobres e comprovadamente honestos?[U1]  Com quem queremos contar para nos representar? Para quem entregamos nossas vidas? E o futuro das próximas gerações?
Como explicar a reeleição de Alckmim, apesar dos sérios problemas de gestão, do racionamento de água, das denúncias de corrupção. Como explicar as reeleições de Celso Russomano, Marco Feliciano, Jair Bolsonaro? Como explicar a ampliação da “bancada da bala”, lobby da indústria armamentista?
Como explicar que elegemos a bancada mais conservadora desde 1964?
Como explicar o ódio ao PT? Como explicar que, por ódio ao PT, corre-se o risco de entregar o Brasil ao PSDB, que, além de ser o campeão nacional de barrados pela Lei da Ficha-limpa, abriga os Senhores das Privatizações. O PSDB é o partido da Privataria Tucana. É do PSDB o candidato à presidência, um playboy, usuário de cocaína. Essa acusação, mesmo que seja só uma suspeita, já é motivo suficiente para não preencher os critérios desejados para “a vaga de presidente”. Isto sem falar da construção de um aeroporto em terras da família com dinheiro público, etc... Me parece que mais que vencer as eleições, a meta é vencer o PT. O inimigo que deve ser aniquilado é o PT. FORA PT.  
Como entender o ódio pelo PT?
Esse fenômeno exige um debruçar-se cuidadoso e sério para ser compreendido. Percebe-se algo desproporcional, haja vista que a governança do país sob a liderança desse partido e de seus aliados tem acertado mais do que errado.  Só o fato de 40 milhões de pessoas terem saído da pobreza extrema deveria ser o suficiente para a reeleição, para uma celebração. Esperava-se uma campanha respeitosa, no mínimo. Mas não é isso que vejo. O que vejo é uma campanha movida pelo ódio, por uma elite raivosa, que se ocupa mais em acusar e atacar do que em defender um projeto de governo.
Recorri ao um livro, muito antigo, escrito por um médico psiquiatra e psicanalista, discípulo de Freud por um tempo, por volta de 1920. Seu nome é Wilhelm Reich, nascido em março de 1897, na Galícia, na época Áustria.  O nome do livro em alemão é “Rede an den kleinen Mann” –  “Fala ao Pequeno Homem”  –  e foi traduzido para o português como Escuta Zé Ninguém. Ele escreveu esse livro na prisão um pouco antes de morrer, em 1957. Recebeu asilo político nos EUA em 1939, em função de ser perseguido pelos nazistas. Pelo fato de ter sido filiado ao Partido Comunista, de ser Marxista, de ter denunciado o fascismo ascendente na Europa, de ter escrito “ Psicologia de massas do fascismo”, começou a ser investigado e perseguido pelo FBI.
Depois vieram os movimentos contestatórios da década de sessenta, a  guerra fria, a guerra do Vietnã, e, em meio a isso tudo, um jargão inspirado em Reich se espraia mundo afora: “Faça amor, não faça a guerra.” O desgosto de Reich foi o de,  depois de dedicar a vida toda a pesquisar e a tratar  os traços de caráter neuróticos, psicóticos e perversos das pessoas, ter acabado sendo vítima desse tipo de funcionamento, pois foi discriminado, ridicularizado, desmoralizado. Ele e toda sua obra foram banidos das academias, mas suas importantes contribuições à psicologia e às ciências humanas são lidas e compreendidas até os dias de hoje.
Sua obra é dirigida a todos aqueles que acreditam na construção de uma sociedade menos repressora e excludente, mais equilibrada e justa, pautada por uma ética da natureza humana. Dizia ele que amor, trabalho e sabedoria são as fontes de nossa vida e deveriam também governá-la.  
A expressão Zé Ninguém representa todos os traços neuróticos, psicóticos e perversos que atravessam o funcionamento do Homem na/em sociedade. Faz do humano não um Pequeno Príncipe, mas um Pequeno Homem.  Esse homem neurotizado, psicotizado, sociopata, doente, é o sujeito Zé Ninguém. Esse sujeito sabe muito pouco de si, é raso, pois tem muito medo de tudo que não esteja de acordo com seus conceitos e valores. Facilmente deixa-se influenciar pela TV, jornais e revistas, bestseller – os meios de comunicação em massa. Tem uma auto-imagem tão distorcida de si que se considera separado do todo e especial. Foge do lugar comum como o diabo da cruz, mal sabendo ele que a libertação está justamente no lugar comum. Esse funcionamento padrão é reforçado e estimulado por todas as instâncias que detêm algum poder normativo dentro da hierarquia social. O pequeno homem sofre por sua alienação e ignorância. Tem medo de reconhecer-se nessa condição, assim não se envolve responsavelmente no protagonismo de seu momento histórico, consciente das consequências de seu modo de pensar agir.  É de Reich a citação: “Sabes melhor lutar pela tua liberdade que preservá-la para ti e para os outros”.  O pequeno homem espera que um messias venha e lhe diga o que fazer com a promessa de que seus problemas serão resolvidos. Projeta suas frustrações e suas incompetências no Outro – o culpado é a Dilma, o PT – não foi isso que se ouviu na mídia o tempo todo nesses últimos anos? Com direito a camarote VIP financiado por banqueiros, gritou em sonoro coro “Dilma, vai tomar no cu” – para o mundo inteiro assistir. Reich usava uma expressão para esses fenômenos: a peste emocional. Não é só o ebola que contamina, a peste emocional também se alastra e, às vezes, são poucos os que ficam imunes a ela.
Foi esta peste emocional que matou Jesus Cristo, que matou os judeus, os palestinos, Tiradentes, Gandhi, John Lennon, Marthin Luther King, Getúlio Vargas, Chico Mendes, Irmã Dorothy e tantos outros desatinos que se tem conhecimento. Sartre dizia – o inferno é o Outro. Na verdade, não é o outro, somos todos nós, que, com nossa pequenez, criamos causas e condições que culminam nessas tragédias. Essa mesma peste emocional tenta agora aniquilar, matar o PT, que, apesar de tudo, tem mostrado mais acertos do que erros para governar essa nação tão grande e complexa. Os meios de comunicação alinhados com a classe dominante  orquestram, com astúcia, os elementos necessários para difundir os vírus da peste emocional, quando sistematicamente desmoralizam a  política em geral, desmoralizam e depreciam o PT. Eles incentivam medo usando de terrorismo midiático ao associarem a cor vermelha com o exército chinês. Eles caluniam, manipulam, usam até o bigode de Hitler para comparar com os dentes da presidenta, quebrados nos cárceres da ditadura. Pequenos homens, pequenas mulheres – a nossa imprensa é pequena, nosso jornalismo é pequeno. 
Reich dizia que o Homem Pequeno exige que a vida lhe conceda felicidade, mas a segurança é mais importante, ainda que custe a dignidade ou a vida. “Ergueste tu próprio os teus tiranos, e és tu quem os alimenta, apesar de terem arrancado as máscaras, ou talvez, por isto mesmo”.
A elite burguesa desse país está furiosa e raivosa. Detém o poder econômico, mas isso somente não basta. Não é dinheiro que buscam, pois quem era rico ficou mais rico, seus privilégios foram preservados. Desejam poder para manter a servidão e as diferenças. Suas intenções, más intenções,  são claras e suas motivações também. Por medo e por insegurança querem manter as oligarquias. Parecem grandes, mas são pequenos.
Entender como a massa funciona é mais complexo. Como dizer sem ofender, que o povo brasileiro, nessas eleições foi muito pequeno?
Esse texto, eu vou continuá-lo depois das eleições para o 2ª turno, quando teremos uma 2ª oportunidade para reparar o que for possível, do que nos espera ali na frente.[U2]