sábado, 28 de junho de 2014

Copa do Mundo Zen

Copa do Mundo Zen
Estádios lotados, coloridos, animados.
Jogadores de uniformes colados.
Corpos atletas músculos desenhados
Rolam e se levantam
Tombam e sorriem
Trombam e se machucam
Continuam correndo
A bola nos pés, passa o passe que chega e não chega a ninguém
No gol o goleiro segura, agarra, cai, abraça, perde, se entrega na terra
De frente, de costas, de lado
Homens alados.
De todas as faces, de todas etnias
Olhos redondos, olhos puxados
Pretos, verdes, azuis, amarelos, dourados, castanhos
Narizes pequenos, grandes, redondos, pontudos, quadrados.
Orelhas grudadas, saltadas, pequenas, grandes, cortadas
Bocas grossas e finas
Cabelos carecas pintados trançados enrolados cortados amarrados
Anéis cobertos com esparadrapos
Uniformes bonitos de cores brilhantes puras
Nas águas das chuvas, nas águas do suor, correndo, enganando, driblando.
Gol!
Alegria, salto, euforia, as veias do pescoço saltadas, as mãos fechadas, punhos erguidos, olhos para o céu.
Teria Deus preferencia por este ou aquele time, jogador?
Fui bom e por isso mereço a benção do céu?
Esse céu é lá em cima, separado de mim?
Ou o céu fica acima na minha cabeça, bem dentro do eu?
Procurando por bênçãos, por passes, por proteção.
Entra o jogador com jeito de campeão. É líder inato, carisma no ato de andar, de pisar a grama.
Surpresa. O time de tímido se torna um gigante.
O campeão apenas pisou o chão. Nem tocou a bola, mas tocou a mente de todos e tudo.
Mudou o rumo.
Sua presença é mais forte que a crença na separação.
O outro atleta espera sem pressa o momento adequado.
Quando não é como gostaria, apenas retoma a pontaria.
Não bufa, não reclama, apenas se recompõe.
Famoso, por que seria?
Pela presença atenta, preparando o jogo desde o meio do campo, na hora certa, acerta.
Então grita de alegria.
Do outro time a tristeza.
Alegria e tristeza são um par.
Como a luz e a sombra.
Caminham sem jamais se separar.
A vida e a morte.
O ganho e a perda.
Jogo bonito é com alegria.
Vida bonita é em harmonia.
Na copa do mundo zen não há monotonia.
Diversas etnias
Jogos e jogos
Cada um com sua característica
Todos irmãos, irmanados no chão, irmanados na vida
Na bola o foco, a sua atenção
Habilidade reconhecida
Horas e horas de prática, de treino
Tantos momentos de cuidados
Ouvindo o guia
Atendendo as orientações
Diferentes de suas próprias ações
E se formam times
Que jogam partidas
Partidas chegadas
Como jogamos a vida
No campo da existência formamos nossos times
Somos os jogadores, a bola, o campo, os treinadores
Atletas e público
Dia e noite
Sol e Lua
Jogando bonito.
Juiz apita.
Falta
Quando há falta de ternura, de alegria, o juiz apita
Reconhece e se redime
Pede perdão e continua
Caso contrário vem a expulsão
A dor, a vergonha, a raiva, a exclusão
Conhecer as emoções e não ser controlado por elas
É treino
É prática incessante
Ganha quem é feliz
Ganha quem treinou e não se machucou
Quem pulou alto e caiu macio
Quem se arrependeu do momento escapulido do cotovelo dolorido no rosto de alguém
Ganha quem se atreve a atrever
A crer no que ninguém pode crer
A ver o espaço aberto pedindo um movimento
Há quem veja e penetre o Darma
Na vida, no campo, sempre e nem sempre assim
Ao ver uma oportunidade, atreve, tenta
Se erra, corrige
Há sempre outro lado
E tão rápida a bola corre de um pé para outro de um braço a outro braço
Arremessa
Recoloca
Pênalti
Falta
Goleiro empurra, joga longe, se agarra
Bola e jogador não são dois
Time de onze com reservas
Treinadores se respeitando
Treinadores se mostrando
Elegantes, empenhados, esquecidos de si mesmos
Pequenos grandes homens
Não vejo mulheres nos campos da Copa
Fico pensando que seria absurdo colocar mulheres jogando entre homens tão hábeis e fortes
Mas há campeãs que entre mulheres são as melhores
Porque treinam, praticam, se empenham, renunciam,
Correm, se atrevem a ser o que são.
Vivendo a vida num campo de bola.
Grama na cara, cheiro de terra, chuteira, suor
Alegria das endorfinas, serotoninas
Transmissores
Atores
Conectando neurônios
Sinapses perfeitas
Respostas adequadas
Alegria de viver
Jogar com os melhores
Estar entre os primeiros e com os primeiros do mundo
Na dança incessante
Da bola que rola
Bonita, brilhante
Não precisa de cola
Nesta escola
Assim aprecio
De longe bem perto
A copa das Copas
No Brasil, o mundo
Desfila
A Copa do Brasil na Paz da Copa do Brasil na Copa da Paz
Que todos os seres se beneficiem
Que todos os seres se redescubram
Irmanados e alimentados pela nossa mãe comum
Terra
Cuidemos dela
Mãos em prece
Monja Coen
Zendo Brasil Rio

segunda-feira, 2 de junho de 2014

QUE VENHAM AS VISITAS!

QUE VENHAM AS VISITAS!
Fazem quase 30 anos que me formei em psicologia e desde então sempre trabalhando como psicoterapeuta, na escuta da história singular que cada um tem de si.
E por falar em escuta, durante a faculdade, deveria estar no quarto ou quinto ano, tive uma vivência que me marcou. Eu estava no banheiro e escutei duas serventes que limpam os banheiros conversando. Uma dizia que ia receber visitas e que estava se preparando ...ATÉ MORTADELA TINHA COMPRADO... Aquela frase cravou em mim pois eu sabia muito bem o que era isto. Quando pequena, mortadela, presunto, eram luxos, só tinha em casa quando vinha alguma visita. Como éramos em quatro crianças, a gente queria aproveitar, mas mamãe nos cutucava por debaixo da mesa pois as visitas tinham a preferência, depois se sobrasse, podíamos comer.
Naquela época vinham visitas do interior, parentes que ainda moravam nas colônias. Quanta alegria! Também vinham as comadres e eu fazia questão de sentar-me na rodinha para escutar as conversas e, de vez em quando ganhar um mate. Isto quando não me mandavam chupar o rabo do gato.
Nessas vivências ia aprendendo a receber os de fora: A casa ficava mais arrumadinha, coisinhas especiais para comer, um bolinho, um café, uma mortadela, queijo, manteiga...e, as gente de dentro fazendo sala, recebendo com afeto e cordialidade.
Isto me ajudou muito quando, já casada, fazer os aniversário dos meus filhos...receber os amigos e amiguinhos.
As vezes as visitas nos pegam de surpresa e a gente tem que improvisar, tentando receber da melhor maneira possível. As vezes não estamos com vontade de receber visitas, ou porque elas não fazem parte de nosso afetos prediletos, ou podemos não estar num momento bom, por vezes não estamos preparados para a despesa de uma visita. Mas em todo caso podemos escolher receber bem ou não, oferecendo àquilo que se tem de melhor, o que pode ser o melhor dos presuntos ou uma simples mortadela.
Esse olhar simples de uma dona de casa pode ajudar nesse momento que o maior evento esportivo do mundo se aproxima. Vamos escolher receber bem todos os visitantes que vem para prestigiar? Vamos arrumar a casa? Que tal algumas bandeiras?
O BRASIL é a nossa casa e podemos aproveitar essa experiência tão desafiadora para mostrar para nós mesmos e para o mundo todo a nossa capacidade para sermos acolhedores, confiáveis, amistosos, um povo hospitaleiro e generoso. Então que tal sorriso no rosto, fazer um voto de cordialidade para que toda a humanidade possa assistir com alegria este belo espetáculo. O mundo precisa de alegria. Nesses próximos dias vamos oferecer o melhor que temos pois é das visitas a mortadela.