sábado, 28 de setembro de 2019










O BRASIL DE GOLPE EM GOLPE

Quando poderes se alinham para derrubar algo, como se diz, a união faz a força. À força derrubaram um governo legitimamente eleito. Miraram na Dilma e no PT, mas acertaram a democracia, e por isto, todos pagamos. A menos que você seja muito rico, que não precise trabalhar nessa vida, seja dono do capital e não dependa do trabalho para viver, independente de raça, religião, orientação sexual, partido político, todos acabam sofrendo as consequências do antes e depois do golpe. Mais um golpe...de golpe em golpe...
De todos os desafios que o Brasil tem que superar para poder avançar, a desigualdade social é o maior deles, pois é um dos países mais desiguais e injustos do planeta. É o ponto de partida para melhorar todos os demais índices que demonstram quando um país está conseguindo se organizar por conta dos investimentos  que são feitos em  educação, saúde e segurança, gerando um clima de  estabilidade e previsibilidade de que seus projetos  de futuro terão um solo seguro para se apoiarem. Não tem como superar estas desigualdade sem a presença do Estado.
O ser humano,   por sua própria natureza , é frágil ,  sente medo e insegurança, mesmo quando vive num contexto tranquilo e sem grandes privações. É um ser social e grupal, o que garantiu sua sobrevivência como espécie. Ao ser humano foi dado a consciência e capacidade de compreender o seu entorno. Temos medo do que não conhecemos, temos medo do futuro, temos medo de adoecer, medo de perder nossos afetos, e temos muito medo da loucura e da morte. Grande parte desses medos é criação de nossa mente, que as vezes nos acena com cenários terríveis. Quando estamos imersos num ambiente instável e abalado social e  politicamente,  uma atmosfera instável e temerosa se instala e todos os medos ficam potencializados. Os sintomas sociais também aumentam gerando um  ambiente de cada um por si, tudo fica mais disputado,  aumenta o individualismo e a competição. No Brasil pós golpe, o povo dividido entre si e os sectarismos, , cada um defendendo suas ideias e interesses se somaram, aumentando a intolerância, a violência e crimes de ódio, principalmente contra mulheres, negros, pobres e população LGTBI.   No meu consultório os diagnósticos que tem trazido as pessoas para psicoterapia são Transtorno de Ansiedade e de Pânico, Estresse pós-traumáticos e transtornos de adaptação. São diagnósticos de países em guerra e que aumentaram desde 2013, época que iniciaram os protestos pelo aumento da passagem – que não eram somente os R$ 0,20 – que a direita, que  perdeu a eleição , oportunamente, aproveitou e,  a partir daí vieram os movimentos Vem pra Rua e MBL. De lá  pra cá, a história vai contando.  Um dos objetivos era a retirada de direitos e transformar o povo brasileiro em mão de obra barata. Pois só não conseguiram retirar direitos conquistados a 50 anos, assim como acabaram com os empregos formais, com 14 milhões de desempregados e 60 milhões na informalidade.  Cortes nos investimentos em saúde, educação, privatizações e desnacionalização, o que representa perda de soberania, fora que todo lucro vai para o exterior. O golpe foi continuado, simultaneamente ao alinhamento de instituições que deveriam defender os interesses do pais. Sob o pretexto da corrupção, se alinharam os principais meios de comunicação(Globo, revista Veja, etc)parte do Judiciário, Lava-Jato, PGR, STF, a PF, o exército, as bancadas da bala, do sistema financeiro e ruralistas – todos esses aguçados pela ambição de ganhos pessoais em detrimento das necessidades do país. O que temos hoje? Um país isolado e desacreditado no mundo. As últimas bizarrices foram os incêndios provocados na Amazônia – 10 de agosto –   era para ser um protesto pró-Bolsonaro. Como se atrevem, como diz a jovem ativista Greta?
Quem fará cara feia para esta turba que não sabe o que significa limites?
Temos que assumir que nossos desafios são enormes. Enquanto o Japão consegue oferecer vasos sanitários Toto para seu povo, aqui no Brasil ainda não superamos a tração animal para certos trabalhos. Ainda temos que dividir espaço com carroças nas estradas. Isto é muito revelador.
No Budismo diz-se que temos as Três Joias – Buda, o fundador histórico que nos lembra que todos podemos nos iluminar, ser o Buda. Em sânscrito buda significa o desperto. A segunda joia é o  Darma , os ensinamentos budistas e a terceira joia é a sanga, a comunidade de praticantes. Nos grandes templos e mosteiros, no portal principal que dá acesso, de cada lado tem esculturas em madeira dos guardiões. São esculturas grandes, que podem ter de 3 a 6 metros. Tem como características as caras com expressões assustadoras, uma com a boca aberta, a outra com boca fechada, irados , a intenção é botar medo mesmo – são guardiões de espaços sagrados que guardam coisas preciosas, e que por isso mesmo, podem ser motivo de ataques, disputas, calúnias e mal-feitos. Precisam ser protegidos para que se preservem.
Trazem nas mãos lanças, espadas, cordas e outros objetos que podem ser usados para defender que nada prejudicial possa adentrar por estes portais.
Tenho me feito algumas perguntas:
-  Qual era e é o nível de nossas defesas para que os ataques à nossa soberania e democracia fosse/sejam tão fáceis? Somos um corpo social com baixa imunidade, ficamos e estamos adoecidos como tecido social.
- Quem seriam nosso guardiões? Esperava-se que fosse a constituição de 88 que aí está para ser respeitada e seguida.
- Que podemos e devemos fazer para fortalecer nossas defesas para reduzir os danos pelos estragos feitos até agora?
O mundo já tem problemas demais. Temos os maiores movimentos migratórios depois das segunda guerra mundial. Povos que fogem por calamidades como guerras, fome e sede e desastres ambientais.
Se seguirmos com nossa imunidade tão baixa, de golpe em golpe, poderá ser o nosso futuro.
 É imperdoável o que fizeram com o Brasil!


segunda-feira, 23 de setembro de 2019

quinta-feira, 19 de setembro de 2019




ENTRANDO EM CENA

Quando Buda despertou,  a primeira constatação que ele fez foi:  Existe Sofrimento. Quando isto aconteceu ele já estava com 36 anos. Desde muito jovem ele buscava respostas às suas angustias existenciais. Há 2600 anos atrás, na India, ele desobedeceu o pai e saiu do palácio(ele era príncipe) e foi misturar-se com o povo. Deveria ter 19,20 anos. Testemunhou pessoalmente a doença, pois viu muitos leprosos, viu a velhice e a mendicância e, viu a morte. Como ele era muito sensível e  talvez  tivesse um fundo depressivo, aquela vivência o marcou muito,  que passou a questionar sobre o  por quê de  tanto sofrimento, o que fazer para superar o sofrimento, qual o sentido da vida e da morte?
O mês de setembro é dedicado à prevenção do suicídio, que pode ser considerado o desfecho de um processo que já estava acontecendo e que não foi possível impedir.  O suicídio tem aumentado muito no Brasil, principalmente entre jovens entre 15 e 29 anos, e recentemente entre jovens negros. Também entre pessoas idosas. A ocorrência é mais comum entre o sexo masculino, nas grandes cidades. As causas são várias, dentre elas a ausência da políticas públicas para a prevenção, a desigualdade social, a popularização da internet, etc. É a segunda causa de morte entre jovens no país. Torna-se uma questão de saúde pública.  Alarmante!
Geralmente por traz desse ato tem uma depressão severa que não está sendo identificada e tratada.
O indivíduo entra em cena através da Certidão de Nascimento, sai de cena com a Certidão de Óbito. Entre uma certidão e outra a vida acontece e criamos uma identidade, tanto que entre uma certidão e outra temos a Carteira de Identidade. Como tem sido essa construção para os nossos jovens , para tantos companheiros nessa viagem, nesse trem como diz a música? Àqueles que   não conseguem e buscam abreviar a chegada da  certidão de óbito – saindo de cena antecipadamente? Que dor é essa expressa numa atitude tão extremada? De que sofrimento estamos falando? As vezes pode ser um vazio tão grande onde nada faça sentido, nem o sofrimento. Sim, pois o sofrimento, quando acolhido e compreendido, por si só, pode apontar caminhos de superação. Compreender o sofrimento é compreender a vida e desenvolver meios hábeis para lidar com as frustrações, com os desafios, com as perdas, com os fracassos, com as rotinas que podem ser um tédio. As vezes uma pessoa muito jovem ainda não tem maturidade para compreender tudo isto. Os jovens em especial necessitam de uma rede de apoio e proteção que olhem por eles, pais , educadores e governantes mais sensíveis e amorosos, que olhem para cada jovem desse país como um filho, que deve ser amado e respeitado. Um filho dessa tribo chamado Brasil. Como diz o poema grego Eneida, “ Se não há amor, não só a vida das pessoas se torna árida, mas também a das cidades.”
Buda nos ensinou também que nascer como ser humano é a coisa mais preciosa. Somos a vida na terra em pura manifestação e pulsação. Como não haveremos então de cuidar? Não existe vida mais ou menos importante, vida que vale mais ou menos. Toda a vida é importante e preciosa. Temos que compreender isto em profundidade para desenvolver uma sociedade mais solidária e amorosa, mais inclusiva,   justa e respeitosa. Assim, tudo que emerge ficará em harmonia e de acordo com tempo/espaço que lhe cabe ser e estar nesse mundo!



ZAZENKAI E CURSO BUDISMO BASICO











No dia 17 de agosto, sábado, tivemos mais um dia de retiro(zazenkai) e o 5º encontro do curso de Budismo básico. Estudamos a vacuidade, através do Sutra do Coração da Grande Sabedoria Perfeita e seguimos estudando a linhagem dentro do zen. Obrigada pela presença!