quarta-feira, 21 de março de 2012


MENINOS E MENINAS: O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?

Somente agora encontro tempo para concluir algumas reflexões a respeito do dia 08 de março – Dia Internacional da Mulher.
No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Enquanto eu me dirigia para a Universidade para o encontro inter-religioso mensal, escutava rádio e, em meio às homenagens as notícias eram de que apesar dos avanços ainda é absurdo o número de denúncias de violência contra as mulheres: vai desde agressões físicas, moral , de patrimônio, etc. Ou seja, os homens continuam violentos com as mulheres.
Esse foi o assunto do início de nossa reunião. Pela primeira vez tentei agregar novas ideias às minhas velhas ideias, um novo contraponto que seja, a mulher para se preservar não deveria provocar, deveria avançar nas reflexões a fim de identificar qual a possível participação dela nessa violência. O grupo, muitos envolvidos com questões de gênero, nem me deixou prosseguir. Que ingênuo da minha parte – uma pessoa violenta sempre vai buscar uma justificativa para descarregar sua ira. As questões de gênero começaram a emergir e todas apontam para falhas estruturais tanto na educação dos meninos quanto das meninas.
As diferenças entre educar meninas e meninos são muito grandes. Enquanto se ensina aos meninos serem corajosos e destemidos, às meninas se ensina que devem ser dóceis e obedientes;
Se dá mais liberdade de ir e vir aos meninos, inclusive com uma fala popular extremamente machista “ tranca tuas cabritas que o meu bode tá solto”;
A educação estimula o exibicionismo fálico-narcisista quando se acha bonitinho o menino abaixar as calças para exibir seus “atributos”; mijar em qualquer lugar; O grupo se empolga e exemplos não faltam. Em meio a isto a fala do Ir. Inácio(Irmão Jesuíta)vem como uma sentença: “ O que é inadmissível é que um homem ainda levante da mesa e vá para o sofá enquanto a mulher recolhe a mesa, lave a louça, seque...”
É na rotina do dia a dia que se ensina as crianças e jovens. Parece ser algo tão simples, natural e fácil educar crianças, talvez por isso banalizado. Mas não é, exige reflexão e foco permanente pois as atribuições de como o menino ou a menina devem se comportar são prescritas previamente pela cultura. É como se houvesse um script pronto para cada personagem. A educação reflexiva e voltada para valores mais humanos é uma atitude isolada de algumas famílias. Tem questões na educação que devem transcender às questões de gênero. Na prática quer dizer que assim que a criança ou jovem tiver capacidade deve assumir uma postura mais participativa e responsável na vida em família. São questões tipo, serviu para sujar , serve para limpar, serviu para comer serve para fazer, serviu para bagunçar serve para arrumar. Independente se estamos frente a um menino ou menina. No Zen-Budismo se pratica transcender a mente dual e discriminadora: Bem - mal, preto – branco, certo – errado, pensar – não pensar... e isso também vale para as questões de gênero pois existem situações na vida que transcendemos ser homem/mulher desenvolvendo qualidades, valores e atitudes que possibilitam viver na comunidade, em coletividade e em fraternidade. São estas qualidades que introduzem homem/mulher no reino dos humanos, onde qualidades mais nobres podem ser experimentadas e vividas. Isto é uma libertação pois transcendemos às exigências e as respostas esperadas assumindo uma postura de mais autonomia e protagonismo.

Gasshô

quarta-feira, 14 de março de 2012

MEMÓRIA


Memória. Os japoneses fizeram, no domingo, 12-03-2012, um minuto de silêncio em memória das vítimas do terremoto de magnitude 9 e do tsunami que devastou a costa nordeste do arquipélago em 2011, matando mais de 19 mil pessoas. Às 14h46min, pontualmente, hora em que se deu o violento terremoto, no dia 11 de março de 2011, a vida parou nas cidades japonesas, como aqui, na praia de Kitaizumi, em Minamisoma, perto de Fukushima. Os monges budistas rezaram. Em Tóquio, imediatamente após o minuto de silêncio, o Primeiro Ministro, Yoshihiko Noda, fez solenemente uma promesa: fazer de tudo para reconstruir a região atingida e transmitir a memória desta tragédia às gerações vindouras.

Foto: Yuriko Nakao / Reuters

quinta-feira, 8 de março de 2012

08 de março - DIA INTERNACIONAL DA MULHER.



Desejo que sua solidão lhe sirva de companhia.
Que tenha a coragem de se enfrentar, sabendo ficar com o nada e,
mesmo assim se sentir como se estivesse plena de tudo!


Plagiando Lispector, por Monja Kohô.

quinta-feira, 1 de março de 2012

RETIRO PARINIRVANA DE BUDA



O vídeo abaixo foi feito pela praticante Luciana onde faz um depoimento sobre sua vivência no retiro.

Muito bonito o que ela compartilha. Um retiro na Vila Zen, além das práticas formais como o zazen, refeições nos oriokis, cerimonial e liturgia, proporciona a possibilidade de um profundo contato com nossa natureza original, através do contato com a terra, com a chuva, com a horta com sua lindas verduras, o cantar dos pássaros, a companhia amorosa dos cachorros( "monge" Kurô e as "senseis" Una e Belinha), cozinhar, costurar , tomar chimarrão e contemplar, compartilhar, sentir, servir...é fazer o caminho de volta pra casa e fazer-se novamente criança que a tudo se encanta e se alegra.

Parabéns ao Monge Dengaku e Monja Shoden, ao Monge Jodi, o mais novo dragão do Sul.

O cansaço passa, a obra fica.

Gasshô!





Registro do retiro Zen Buddhista de Carnaval (18 a 25 de fevereiro de 2012 / 2578 - Ano Buddha) feito no Vila Zen em Viamão, extensão do Via Zen de Porto Alegre.


Nenhuma descrição poderá explicar a emoção vivida lá entre seres maravilhosos e pessoas tão amorosas, tão compassivas! Pela primeira vez experimentei como real a utopia da "igualdade, liberdade e fraternidade". Sim, é possível viver com simplicidade, paz e alegria em comunidade! Onde não existe propriedade ficamos livres da ganância e, quando trabalhamos com um sorriso no rosto, em prol de todos, somos libertos do egoísmo; e isso é um enorme alívio! Daqui, nada material se leva e, geralmente acumulamos mais do que realmente precisamos. Isso nos aprisiona no medo da perda, do roubo... Pela primeira vez, eu VIVI, e digo: sim, é possível uma vida feliz, na compaixão, na comunhão, na generosidade, no desapego, no amor maior, vivendo o aqui e agora... Esse é o mundo que quero para mim e para todos!

Uma lição de vida que jamais será esquecida!

A todos, minha eterna gratidão!

"Que os méritos de nossa prática se estendam a todos os seres e que possamos todos e todas nos tornar o caminho iluminado!"

_/\_ Mãos em prece! (Gasshô!)

Músicas: Tissarana (Zazen) - Bruno Mitih e Vilarejo - Marisa Monte

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