quinta-feira, 20 de junho de 2013
quinta-feira, 13 de junho de 2013
domingo, 9 de junho de 2013
CADA UM NO SEU QUADRADO
Havia feito meu check-in e
aguardava a hora do embarque, no aeroporto de Congonhas , em São Paulo. Fui
comprar uma água e um café. Havia fila. Uma pessoa somente para tender. Outros
dois conversando na lateral. À minha frente uma mãe com uma nenê no colo. A atendente estava preparando uma mamadeira. Assim que terminou assumiu o lugar da caixa
para receber o pagamento. Aí não me contive...chamei o responsável...não
estava...comedida, fiz alguns comentários: O que eu acaba de ver é uma
transgressão muito grave pois já é de senso comum que a mesma pessoa que lida
como o alimento não pode tocar no dinheiro, que este é um aeroporto
internacional e que qualquer bar de periferia atende melhor, haja visto a fila,
o preço abusivo, e pessoal...”NÓS VAMOS RECEBER A COPA DO MUN DO”...acordem!
Mas
não foi isso que me deixou mais chateada. Foi o meu sentimento de ser a chata,
pois os demais pareciam não entender nada. Voltei quieta para o meu canto.
Observando as pessoas, pude perceber que
muitos estavam com seu laptop, seu tablet, seu smartfone, seus fones de
ouvidos. Alheias ao que acontece ao seu
redor, fora delas( no duplo sentido). A isto pode-se estender a presença da TV,
em casa, nos restaurantes, no consultório
médico, no salão de beleza, no banco...tudo para nos distrair, não ver,
não ouvir, não discordar,não pensar, nos
silenciar, nos alienar.
Estou
preparando uma palestra onde o título é : Dependência, Independência e
Interdependência.
Estou passando a suspeitar que
nossa cultura ocidental está superestimando a independência e a autonomia, a
ponto de significar que não temos que dividir nada, nem o nosso olhar. Eu me
basto, narcisicamente.
Outra situação, que tem me
chamado muito a atenção, mas quando divido esta idéia com meus pares, sempre
sou voto vencido, são os vidros escuros, geralmente quase pretos, dos carros.
Os vidros do meu carro são esverdeados, bons o suficiente para amenizar a
claridade. Mas o argumento não é a claridade, é a segurança. Nada mais inseguro
do que questionar a segurança. Quanto medo! Duvido que tenha pesquisas sérias
que validem este argumento. E o quanto tem se perdido em códigos de comunicação
entre os motoristas. Quantas vezes os vidros escuros impedem uma boa
visibilidade de dentro para fora, de
fora para dentro e ainda, nos cruzamentos, quando ficamos impedidos de ter boa
visibilidade pois nos impede de ver através dos vidros dos outros carros. Isto me parece ser mais um sintoma social do
que qualquer outra coisa. Vem ao encontro da exacerbação do individualismo ,
que gera uma falsa sensação de segurança, uma busca para aplacar um pouco do
desamparo e do medo. Mais ou menos o que faz uma criançinha, que fechando os olhas,
acredita que está a salvo pois ninguém a verá.
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