sábado, 29 de outubro de 2011

OFICINA DE INTRODUÇÃO AO ZEN-BUDISMO


Zen Vale dos Sinos convida:

OFICINA DE INTRODUÇÃO AO ZEN-BUDISMO

Quando: DOMINGO - 30 de outubro

Horário: 17h

Onde : Rua São Pedro, 1124 - alto, São Leopoldo.

Esta oficina será ministrada por Monja Kokai, que estará falando sobre o Budismo fundante e o Zen-Budismo, ensinará a meditar e ficará disponível para perguntas. A oficina tem 1 hora e meia de duração e solicitamos uma contribuição de R$ 10,00.

Mais informações através do 9133-8990


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

MUTUCA


Estava em meu quarto conversando com uma mulher que me dizia encontrar-se em uma situação difícil, que pensava até em suicidar-se, quando entrou de repente uma mutuca. Tentando sair, a mutuca bateu violentamente contra a janela e caiu por terra, atordoada. Depois de um certo tempo, retomou o vôo e continuou a se bater repetidamente contra o mesmo ponto, tentando sempre sair.
Lembrei-me então do Mestre Zen Fugai e contei a ela a seguinte história:
Quando o Mestre morava em um templo quase em ruínas, em Osaka, recebeu a visita de um milionário que veio lhe falar de seus problemas. Nesse momento, uma mutuca entrou e começou a se bater contra a janela. O Mestre observava atentamente a mutuca, não parecendo prestar atenção às dificuldades do homem rico. Impaciente, o visitante falou com ironia: "Parece que o senhor gosta muitíssimo de mutucas. "
O Mestre Zen respondeu:
"Desculpe, sinto muito, mas estou com pena da mutuca. Este templo é conhecido por seu estado de ruínas, com buracos por todo lado. Embora esteja livre para sair voando por qualquer fresta, esta mutuca continua batendo a cabela sempre no mesmo lugar, como se fosse a única saída. Se continuar assim acabará morrendo. Mas não é só a mutuca que causa pena, não é?"

PARA UMA PESSOA BONITA - Contos de uma Mestra Zen
Shundo Aoyama Roshi

quinta-feira, 13 de outubro de 2011



O ego acredita que a nossa força reside em nossa resistência, quando, na verdade, a resistência nos separa do Ser, o único lugar de força verdadeira. A resistência é a fraqueza e o medo disfarçados de força. O que o ego vê como fraqueza é o Ser em sua pureza, inocência e poder. O que ele vê como força é fraqueza. Assim, o ego existe num modo contínuo de resistência e desempenha papéis falsos para encobrir a “fraqueza”, que, na verdade, é o nosso poder.

Até que haja a entrega, a representação inconsciente de determinados papéis se constitui em grande parte da interação humana. Na entrega, não mais precisamos das defesas do ego e das falsas máscaras. Passamos a ser muito simples, muito reais. “Isso é perigoso”, diz o ego, “Você vai se machucar. Vai ficar vulnerável.”

O ego não sabe, é claro, que somente quando deixamos de resistir, quando nos tornamos “vulneráveis”, é que podemos descobrir a nossa verdadeira e fundamental invulnerabilidade.

Sempre que acontecer uma desgraça ou alguma coisa de ruim na sua situação de vida – uma doença, a perda da casa, do patrimônio ou de uma posição social, o rompimento de um relacionamento amoroso, a morte ou o sofrimento por alguém, ou a proximidade da sua própria morte -, saiba que existe um outro lado e que você está a apenas um passo de distância de algo inacreditável: uma completa transformação alquímica da base de metal da dor e do sofrimento em ouro. Esse passo simples é chamado de entrega.

Quando a sua dor é profunda, tudo o que se disser a respeito vai, provavelmente, lhe parecer superficial e sem sentido. Quando o seu sofrimento é profundo, você provavelmente tem um grande anseio de escapar e de não se entregar a ele. Você não quer sentir o que está sentindo. O que pode ser mais normal? Mas não tem escapatória, nenhuma saída.

Existem algumas pseudo-saídas como o trabalho, a bebida, as drogas, o sexo, a raiva, as projeções, as abstenções, etc., mas elas não libertam você do sofrimento. O sofrimento não diminui de intensidade quando você o torna inconsciente. Quando você nega o sofrimento emocional, tudo o que você faz ou pensa fica contaminado por ele. Você o irradia, por assim dizer, como a energia que se desprende de você, e outros vão captá-lo subliminarmente.

Se essas pessoas estiverem inconscientes, podem até se ver compelidas a agredir ou machucar você de alguma forma, ou você pode machucá-las em uma projeção inconsciente do seu sofrimento. Você atrai e transmite aquilo que corresponde ao seu estado interior.

De quanto tempo você precisa para ser capaz de dizer: “Não vou mais criar dores, nem sofrimentos”? Quanto você ainda tem de sofrer antes de fazer essa escolha?

Se você pensa que precisa de mais tempo, você terá mais tempo – e mais sofrimento. O tempo e o sofrimento são inseparáveis.

Como a resistência é inseparável da mente, o abandono da resistência – a entrega – é o fim da atuação dominadora da mente, do impostor fingindo ser “você”, o falso deus. Todo o julgamento e toda a negatividade se dissolvem.

A região do Ser, que tinha sido encoberta pela mente, se abre.

De repente, surge uma grande serenidade dentro de você, uma imensa sensação de paz.

E, dentro dessa paz, existe uma grande alegria.

E, dentro dessa alegria, existe amor.


O Poder do Agora , Eckhardt Tolle.

domingo, 9 de outubro de 2011


"A lua
residindo em meio à
mente serena;
vagalhões penetram
na luz."

Este poema escrito por Dogen, intitulado "Sobre a prática do zazen", ilustra o aspecto dinâmico da concentração da serenidade. A luz do luar, que parece imóvel, bruxuleia sobre as ondas do oceano, que se quebram ruidosamente contra as rochas, rebentando em gotículas. Milhões de partículas de luz se estilhaçam , se espalham e se fundem. Para Dogen, a prática da meditação implica essa espécie de permeação mútua entre uma "luz" individual e a atividade de todas as coisas. Embora a prática de uma pessoa seja parte da prática de todos os seres despertos, cada prática individual é indispensável, pois atualiza e completa a atividade de todos como um buda.

Escritos do Mestre Dôgen - A Lua numa Gota de Orvalho.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Oh Shariputra, forma é vazio, vazio é forma...todos os fenômenos são vazio-forma, não nascidos, não mortos, não puros, não impuros, não perdidos , não encontrados...sem sofrimento, sem causa, sem extinção e sem caminho. Sem sabedoria e sem ganho. Sem nenhum ganho. Bodisatva. Devido a sabedoria completa. Coração-mente sem obstáculos. Sem obstáculos, logo sem medo. Distante de todas as delusões, isto é Nirvana!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

sábado, 1 de outubro de 2011

Monja lança livro sobre a culinária praticada nos mosteiros

FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo

Danilo Verpa/Folha Imagem
A monja Gyoku En afirma em seu livro que cozinhar pode ser uma forma de meditação
A monja Gyoku En afirma em seu livro que cozinhar pode ser uma forma de meditação

A monja Gyoku En lança livro sobre a culinária "shôjin ryôri", praticada nos mosteiros zen-budistas, que prega concentração total, silêncio e organização e evita desperdício no preparo de alimentos

Quem já entrou numa cozinha no momento em que é preparada uma refeição para muita gente sabe que tem grande chance de encontrar uma cena próxima ao caos. Mas não se o que estiver sendo feito for algo da culinária "shôjin ryôri". Não importa se o banquete é para duas ou 50 pessoas: barulhos tradicionais como o de panelas batendo, gente correndo ou cozinheiros gritando dão lugar a silêncio e concentração.

É como se o ato de cozinhar ganhasse ares monásticos. E é disso que se trata: a "shôjin" é a culinária dos mosteiros zen-budistas e tema do livro "O Zen na Cozinha" (ed. Sustentar, 128 págs., R$ 30), recém-lançado pela monja Gyoku En -nome de batismo Magda-, 58.

Segundo ela, o silêncio e a concentração em cada tarefa podem transformar o ato de cozinhar numa forma de meditação. "Costumamos cozinhar batendo papo, com a TV ligada, mas, na culinária "shôjin", deve-se exercitar a plena atenção e deixar os pensamentos passarem. Podemos meditar no nosso dia-a-dia."

Apesar de vários de seus princípios estarem em voga -como a valorização de alimentos orgânicos, da época e da região e o reaproveitamento de talos e cascas-, a culinária "shôjin" é milenar: seus fundamentos foram escritos em 1237 por Mestre Dôgen, autor de "Shobogenzo" (do japonês, tesouro do olho da verdadeira lei), tratado sobre a prática nos mosteiros zen-budistas.

O trecho relativo à culinária "shôjin", chamado "Tenzô Kyokun" (instruções ao cozinheiro zen), traz ensinamentos sobre temas como a renovação dos menus de acordo com as estações, o cuidado diário com os objetos e a importância da limpeza e da organização.

Esses dois últimos princípios, aliás, são muito ressaltados. "As cozinhas dos mosteiros são simples, mas muito organizadas, limpas e eficientes. Cada coisa tem seu lugar. Quando o "tenzô" [monge cozinheiro] entra, nunca se perde e tem tranqüilidade para atuar", conta Gyoku En.

Cenário não tão diferente da cozinha da sua avó, em Minas Gerais, que traz suas mais remotas memórias culinárias. "Era simples, mas limpinha e organizada. Havia ali tanta tranqüilidade...", lembra.

Primeiros passos

Na juventude, o gosto por cozinhar não aflorou logo. "Gostava mesmo era de ler, namorar e passear." Universitária, passou a cozinhar para as colegas de apartamento e descobriu culinárias como a macrobiótica, a japonesa e a indígena.

Com a decisão de tornar a alimentação mais natural, Magda decidiu aprender a meditar, e foi assim que chegou ao zen-budismo. Praticante assídua, só decidiu se tornar monja tempos depois. Mesmo antes da ordenação, já cozinhava em mosteiros, nos retiros. "Eles sempre me davam algo para moer: milho, arroz. Era cansativo e eu era muito elétrica. Mas precisava treinar a atenção."

Em um mosteiro no Japão, Gyoku En ficou encantada com o requinte na apresentação das refeições. Os vários pratos são servidos em recipientes individuais. "Eles se preocupam com o ponto certo, cortam bonitinho, põem uma vagem em cima da outra, colocam um molhinho. E a cerâmica usada é maravilhosa. "Shôjin" é assim, bonita de ver", exemplifica.

Além da atenção para que a comida fique al dente, os cuidados incluem usar fogo brando e temperos sutis. "Cada alimento deve conservar seu próprio gosto. Essa história de mascarar sabores é desta civilização."

Prega-se, ainda, a moderação ao comer: segundo o livro, ao sair da mesa, o ideal é estar com 20% do estômago vazio.
Apesar de a "shôjin" não utilizar carne nem derivados animais, Gyoku En diz que alguns mosteiros abrem exceção para quem teve contato a vida toda com esses produtos e sente falta. "Gosto do vegetarianismo, mas não quero fazer uma apologia dele. Cada um sabe o que é melhor para si."

Além de frutas e verduras, o cozinheiro zen utiliza ingredientes como soja, brotos e algas marinhas. Não há pão, e o açúcar e o óleo vegetal entram em pequena quantidade.

Segundo Gyoku En, inspiração e criatividade conseguem transformar uma gama limitada de ingredientes em pratos requintados: opções como o arroz de gengibre, o sushi de cará e a salada de nabo com caqui maduro, receitas que estão no seu livro; ou o chocolate rústico que ela fez com açúcar mascavo e bagas de cacau doadas para um mosteiro; ou a pizza com massa de milho, molho de tomate da horta e queijo do leite da vaca criada por monges. "É uma culinária que nutre o corpo, a alma, o espírito", diz.

A monja é hoje diretora espiritual do Dojo Cazazen - Comunidade Zen Budista de Brasília. Foi depois de dar cursos de "shôjin" que decidiu escrever o livro. Segundo ela, seus princípios podem ser seguidos mesmo por quem não é zen-budista. "Basta querer. De repente, a a pessoa tem uma cozinha muito bagunçada e quer deixá-la mais organizada. Ou, se alguém quiser tentar a atenção plena, pode começar hoje mesmo."

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