sábado, 31 de julho de 2010




Ouvir a Voz do Vale

A água do rio flui sempre, sem cessar. Flui rápida, não pára um só instante e se vai. Seu murmúrio evoca em mim o eco do tempo.

A água do tempo brilha no leito do Universo, sempre correndo, fluindo. Pedras, árvores, casas e cidades também fluem vagarosamente nesta correnteza, assim como os seres. Tudo isso pode parecer imutável, mas na verdade essa idéia não passa de uma ilusão.

Apenas nós, seres humanos, acreditamos erroneamente que tudo é imutável. Esforçamo-nos para não sermos levados pela correnteza e lamentamos por tudo que se vai. No entanto, mesmo sofrendo e desdobrando-nos, caindo sete vezes e nos levantando oito, não há como parar o fluir, que envolve também nossa dor e nossa luta.

Ao invés disso, é melhor ver as coisas como são e nos juntarmos a essa correnteza, com suavidade. Apenas assim poderemos encontrar prazer na fugacidade das coisas, uma vez que é justamente essa fugacidade que tece as mais diversas figuras na tapeçaria da vida.

Shundo Aoyama Rôshi - Mestra Zen




sexta-feira, 30 de julho de 2010


PAAR – Projeto Amigos dos Animais de Rua

É uma ONG de nossa cidade engajada em recolher gatos e cães na rua que estejam em situação de sofrimento. A seguir são encaminhados para casa de passagem onde são tratados, castrados e encaminhados para adoção. Para ajudar nas despesas, estão promovendo um BAZAR, onde a cooperação de todos é importante. Você também pode ajudar doando roupas, calçados, acessórios, utensílios domésticos , livros, brinquedos, enfim tudo que você não precisa mas que esteja em bom estado.

O ZEN VALE DOS SINOS APOIA ESTA IDÉIA

INFORME-SE

AQUI UM POSTO DE COLETA DE DOAÇÕES!!!

terça-feira, 27 de julho de 2010

COEN ROSHI NO VIAZEN -

Durante os dias 22, 23, 24 e 25 de julho convivemos em comunidade, compartilhando da intensa agenda de Coen Roshi, que mais uma vez nos trouxe ensinamentos, celebrações e comemorações.



Cerimônia de Renovação de Votos de Casamento de Monge Dengaku e Monja Shoden.
Saudações da madrinha!


Sanga em Assembléia





Cerimônia de Posse como Orientadora Espiritual do Viazen.


Assim como não coubemos todos na foto, também não coubemos de felicidade e alegria pela posse de Coen Roshi como Orientadora Espiritual do Viazen.



A sanga do Zen Vale dos Sinos confraterniza.



quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Prática da Concentração Correta




Concentração Correta (Samma Samadhi)


" A palavra sânscrita para concentração correta é samadhi. As noções de impermanência e não-eu são úteis, mas não são suficientes para libertá-lo, para dar a você uma visão correta. Assim a concentração é necessária. Samadhi prajna é a visão correta, o insight que está na base de todo pensamento correto, fala correta e ação correta. Mas para cultivar o prajna temos de praticar a concentração. Temos de viver em concentração para tocar profundamente as coisas em todos os momentos. Nós viveremos profundamente quando pudermos ver a natureza da impermanência, do não-eu e do interser na flor, e podemos fazer isso graças à prática da concentração. Sem samadhi, não há prajna, não há insight. A concentração é a porta que se abre para a realidade última. Ela nos dá a visão correta."

Thich Nhat Hanh


domingo, 18 de julho de 2010


Não existe separação entre corpo, alma e o mundo.
São como o ar misturado com o ar ou
como a água misturada com a água.
Menzan Zuiho Osho: Shobogenzo Jijuyu Zammai

sábado, 17 de julho de 2010



PALESTRA COM MONJA COEN,
5a FEIRA, DIA 22 DE JULHO, ÀS 19H30, NO AUDITÓRIO DO BANCO CENTRAL.

quarta-feira, 14 de julho de 2010



Praticante iniciante pergunta:

EXISTE DIFERENÇA ENTRE DESPERTO E ILUMINADO?

Buda em sânscrito quer dizer O Desperto.
O Iluminado tem uma mente desperta...
O desperto é um Iluminado.
Portanto, Acorde!

domingo, 11 de julho de 2010

QUEM CUIDA DAS NOSSAS MENINAS?



Ainda lembramos de Isabela Nardoni e agora, o triste fim de Elisa e Mércia. Estes fatos nos fazem ficar estarrecidos com a proporção que pode chegar a maldade e a crueldade humana.

Da perspectiva da psicanálise, pode-se descrever esse desfecho como o resultado de importantes privações ocorridas na primeira infância, no caso de Bruno e de Eliza. Ausência da figura paterna, abandono da mãe, substituição dessa pela figura da vó, que nem sempre consegue dar conta da educação integral de um neto, por mais bem intenciondas que estejam.

Quando uma criança não recebe os cuidados necessários para sua formação fica privada de avaliar a realidade adequadamente, de tomar decisões e fazer escolhas saudáveis para sua vida. Cuidado esse que exige um olhar permanente sobre a criança, um equilibrio constante entre satisfazer e frustrar, de acordo com o que o momento pede.

Mas tem algo mais. Como é fácil matar em nosso país! Contrata-se qualquer capanga para fazer o serviço. Geralmente as motivações que levam a querer eliminar, destruir o outro, são dinheiro, poder, desafetos, vinganças.

Na nossa cultura ainda é comum os homens matarem suas mulheres, apesar da lei Maria da Penha.

Atualmente nos deparamos com Eliza e Mércia, mais duas vítimas.

Quando é que o homem vai entender que ele é tão responsável quanto a mulher por uma gestação? Não tem mas nem meio mas...

Buda nos ensinou sobre os tres venenos da mente: Ambição, raiva e ignorância.

Freud nos ensinou sobre isto com uma linguagem mais acadêmica quando dizia que no início de nosso desenvolvimento só queremos sentir prazer e sermos satifeitos imediatamente. Somos movidos pelo prazer. Aos poucos, na interação com nossos pais, vamos aprendendo que isto não é possível, que a frustração é inevitável. Devemos aprender a lidar com a realidade e suportar frutrações, pois ao longo da vida sofreremos muitos “abalos císmicos” Nosso narcisismo sofrerá golpes e como sair dessas crises fortalecidos?

Quando não conseguimos desenvolver estas capacidades, o caminho fica desempedido para que os tres venenos sejam os senhores do Ego...aí, toda a sociedade perde com isto.

Eliza, Mércia, que os ceres celestiais as acolham e cuidem de vocês.

sábado, 10 de julho de 2010

RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE - REFLEXÕES.





Compartilho este texto que foi enviado pelo Reverendo Jessé, da Igreja Anglicana.







Parece mentira, mas foi verdade. No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos atual
campeão paulista de futebol foi a uma instituição que abriga trinta e quatro
pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a
maioria com paralisia cerebral.
Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou. Entre estes,
Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a),
Léo(24a), Marquinhos (28a) e André (1 9a) todos ídolos super-aguardados.
O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz,
de San tos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral.
Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo
a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que
os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.
Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos,
entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley
(22a), que conversaram e brincaram com as crianças.
Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ,
da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre
o ocorrido e escreveu o texto “No Brasil, futebol é religião” que abaixo tenho o
prazer de compartilhar.

NO BRASIL FUTEBOL É RELIGIÃO
Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não
erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer
a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço de que o Cristianismo
implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas
categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais
de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos
universais de todas e cada uma das tradições de fé.
Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou
se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo; ou mesmo se você
tem que subir uma escada de joelhos, ou dar o dízimo na igreja para alcançar o
favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se
o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa
do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião.
Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista,
evangélica, ou católica, você está discutindo religião.
O problema é que toda vez que você discute religião, você afasta as pessoas
umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância.
A religião coloca de um lado os adoradores de Allá; de outro, os adoradores de
Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de
Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores
deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com
que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo
extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de
um deus, com D minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como
reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade,
você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas.
E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião,
você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas,
aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se
deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que
a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive
religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando
você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina, ou pelo menos
deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança
que sofre a tragédia e a miséria de uma paralisia mental.
(Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho).

terça-feira, 6 de julho de 2010

PALAVRAS DO DARMA







“A chave que alimenta a vida é o fortalecimento do corpo.
O segredo de fortalecer o corpo está na concentração da mente.
Quando a mente está concentrada, desenvolve energia.
Com o desenvolvimento de energia, forja-se o elixir da vida.
Quando o elixir da vida é forjado, o corpo se torna fortificado.
Quando o corpo está fortificado, a mente fica perfeita.
O elixir da vida, a energia vital, é forjado e concentrado no Tan, área que fica 5 cm abaixo do umbigo. Quando essa área se desenvolve, é como um pêndulo torna-se arredondada
e é um reservatório de saúde e energia.”
Essas palavras são do mestre zen Hakuin, que nasceu em 1686 e morreu em 1768 no Japão.
Era um mestre que não se cansava, dizendo que ao meditar recobrava suas energias.
Ele ensinava a respiração consciente e profundamente: quando inspirar,
o abdômem expande. Ao expirar, o abdômem se contrai. Concentrando a
mente, purificando o corpo, circulando prana.
Seu último poema dizia que é melhor meditar em meio à ação do que em
quietude. Isso é mais importante do que ir para uma praia solitária ou uma
montanha sem ninguém e aquietar corpo e mente, alcançando as bênçãos do
nirvana.
Temos de encontrar essas bênçãos, esse estado de tranqüilidade e harmonia
aqui e agora. O silêncio se faz quando a mente se aquieta, o coração vazio de
intenções se abre a todas as possibilidades.
Podemos transformar por meio de nossas ações, palavras e pensamentos.
Que poderosas criaturas as frágeis pessoas humanas
Por Coen Roshi


quinta-feira, 1 de julho de 2010


QUEM CUIDA DOS NOSSOS MENINOS?

O que fazemos com o que testemunhamos? Com as cenas que presenciamos? Entramos nela ou só assistimos? Qual a nossa participação? Somos observadores ativos ou passivos?

A cena que vou narrar agora foi surreal.

Estava no meu espaço de trabalho que também é nosso Centro de Prática. Desci até meu carro para buscar 4 rolos de papel higiênico, avulsos, pois havia comprado um fardo e pela falta de espaço, ia trazendo aos poucos, na medida da necessidade. Do outro lado da rua tem uma pizzaria que só abre a noite. Pelo fato de ter uma cobertura, seguidamente há algum morador de rua dormindo. Havia um jovem dormindo. No que eu tenho em mãos 4 rolos de papel higiênico vem um soldado da Brigada Militar, de moto, e sem mais nem menos, sobe na calçada e acelera sobre o rapaz que dormia. O soldado repetiu a manobra por tres vezes, enquanto eu corria para acudir o jovem antes que a moto quebrasse suas pernas. Me coloquei entre o jovem e a moto, sendo que ele consegue levantar-se, atordoado. Fico de costas para ele e encaro o policial, que transtornado, gesticulava e chamava um colega pelo rádio. Empunho meus braços sobre o peito dele, tentando acalmá-lo, dizendo que ele parasse com esta abordagem pois ele ia acabar quebrando o menino e eu teria que denunciá-lo. Ele apontava para cabeça ( gesto que quer dizer que o outro é louco), enquanto dizia que com esse tipo de gente não tem mais jeito. Sempre a postos, começei a dizer que o rapaz não escolheu dormir na rua, que está dificil pra todo mundo, e que o trabalho dele realmente não é fácil, mas que não é desse jeito que ele vai resolver alguma coisa, que esta cena não fica bem pra corporação, que o superior dele não iria gostar de saber disso, bla,bla,bla. Me apresentei como monja e perguntei se ele sabia que o primeiro monge zen-budista do nosso Estado é seu colega. Ele respondeu “Tô sabendo”.

Nisso o clima de tensão e hostilidade se dissolveu, sem que em nenhum momento ele tenha sido agressivo comigo ou desrespeitoso. Senti piedade por ele também.

A cena termina com eu segurando o papel higiênico.