quinta-feira, 19 de novembro de 2020


 

ROHATSU SESSHIN

ON LINE

RETIRO DE ILUMINAÇÃO DE BUDA

01 A 08 DE DEZEMBRO DE 2020

 

Na tradição Zen Budista do Japão, o dia 08 de Dezembro é considerado o dia da Iluminação de Shakiamuni Buda. Celebra-se com um  retiro de 7 dias e no amanhecer do 8º dia , uma cerimônia de encerramento marca este importante momento. Há cerca de 2.600 atrás, o então príncipe Sidarta, depois de 6 anos de ascese, decide sentar-se em meditação embaixo de uma  árvore Ficus religiosa e permanecer em meditação até acessar às verdades à respeito da vida/morte e outras questões acerca do sofrimento nessa vida. Suportando todas as adversidades e tentações, ele atinge a compreensão profunda e ascende à boddhi, a mente iluminada. Num átimo de segundo, ele compreendeu o mistério da existência e os meios hábeis para ajudar os seres a se libertarem do sofrimento causado pelo samsara - o eterno ciclo de morrer e renascer. Seus ensinamentos continuam atuais e preciosos até os dias  de hoje pois são verdades inscritas na mais profunda estrutura da existência.

O Zendo Brasil e seus centros afiliados realizam um retiro on-line, com a participação integral de Monja Coen e seu professores transmitidos, leigos e monásticos. Serão 7 dias de prática intensiva para adentrar mente Boddhi, a mente do despertar.

Venha despertar!

 

Quando: 01 a 08 de Dezembro de 2020

Onde: Pela plataforma Zoom

Valor Único: R$ 200,00

Praticantes e alunos vinculados à Monja Kokai e a comunidade ZendoBrasil-Vale dos Sinos fazem a  inscrição diretamente através do email monjakokai@gmail.com

Observação: Uma inscrição por residência. Podem participar mais pessoas a partir do mesmo link, na mesma residência.  

Programação e mais informações serão divulgadas próximo ao evento.

 

 

 


 

SUPERAÇÃO, RESILIÊNCIA E PERDÃO

 

Serei entrevistada para uma revista do terceiro setor. O tema será superação – resiliência – perdão.

Estou meio que sem paciência para discutir estas questões, pois parece que a civilização e a sociedade como um todo tem vivido em estado de alienação e sonambulismo, e este tipo de pauta pode perpetuar estas condições , se não forem devidamente compreendidas. Sim, num nível individual, de verticalidade, são competências importantes, a capacidade de superação, de si mesmo principalmente, de sermos fortes e resilientes para superar as adversidades e as pancadas da vida e, que  possamos perdoar e ser perdoados por nossas falhas e insuficiências. A capacidade de nos arrepender de coração, é sinal de saúde mental pois revela que podemos reparar e aprender com os erros, e à nível espiritual, nos coloca num nível de grande pureza.

Por outro lado, devemos desenvolver estas reflexões com responsabilidade. Num momento de crise política e sanitária, de um número enorme de desempregados, do desmonte de programas sociais que garantiam renda mínima, com a volta da fome, com o teto de gastos que impede investimento em saúde e educação, isto tudo consequência de um golpe de estado, falar sobre superação pode ser um cinismo. As políticas neoliberais que defendem o Estado Mínimo, mantendo os privilégios de poucos e a miséria de muitos, jogam  a sociedade numa situação onde cada um que se vire e depois vendem a ideia de superação, da dualidade entre fracasso e sucesso, a lógica perversa da meritocracia.

 Há perdão para isso?

Como o Budismo entende esse estado de coisas:

Sidarta senta-se embaixo de uma árvore em meditação, e durante 7 dias em meditação, sentado em posição de lótus, superando todas as tentações e obstáculos, todos os demônios que vem tentar a mente humana, raios e tempestades, imagens e fantasias de mulheres lindas e sensuais. Ele supera tudo, não é desviado do caminho, e na manhã do 8º dia de dezembro, ele tem o seu despertar.

Por que ele sentou-se em meditação? Ele era um príncipe numa clã na Índia, há 2600 anos atrás. Ele  sempre teve suas necessidades e desejos atendidos, mas vivia confinado em palácios. Quando virou um jovem adulto, ele ousou desobedecer o pai e sair para a conhecer a cidade e os vilarejos. Viu sofrimento, doença, velhinhos desamparados, muita pobreza e viu a morte. Tudo isso ainda não era uma realidade para ele, e essas experiências o deixaram tão impactados que passou a querer compreender o porquê tanto sofrimento e qual era o sentido da vida e da morte. Com a idade de 29 anos, abandona a vida palaciana e passa a viver na floresta como um asceta. Após 6 anos de árduas privações, decide somente sentar-se embaixo de uma fícus religiosa e permanecer sentado até obter as respostas às suas questões sobre a vida e a morte. Eis que no amanhecer do 8º dia ele desperta, adentra a grande sabedoria perfeita. Dali em diante é reconhecido com o um Buda, um desperto, o Iluminado.

O cara que percebeu a realidade do assim como é, a realidade como é, sem distorções e contaminações de nossas ilusões e desejos,  que as coisas sejam como a gente quer que sejam.

Buda diz: Não há nada fixo e permanente, ao mesmo tempo tudo é interconectado. Tudo o que existe é o cosurgir interdependente e simultâneo, e nós somos a vida do universo.

Cada um de nós traz em si esse potencial e perceber que estamos relacionados. Àquilo que a gente faz, fala e pensa mexe na trama da existência.  

A coisa principal a desenvolver é a sabedoria. Sabedoria é compreensão clara, de si e da realidade a sua volta. E isso é treinamento, que exige você estar em contato com livros, vídeos, professores...para estimular as sinapses através de estímulos neurais e que você desperte para a sabedoria perfeita. É difícil e fácil ao mesmo tempo, porque vai depender de sua determinação, de sua dedicação e esforço, de cercar-se de pessoas que tenham o mesmo propósito.

Assim temos a chance de  transcender ao nosso pequenino ego, muitas vezes construído por identificações de personagens externos e acabamos sendo uma soma de identificações, distante as vezes de nosso eu mais original – você sabe quem é, de verdade?

Sair do egóico para entrar no Self, no Eu maior, o eu verdadeiro. Esse Eu Maior transcende a noção de sucesso x fracasso, acredita que todos são merecedores e capazes, basta lhe oferecer oportunidade e equanimidade.

Esse Eu Maior acredita na resiliência da Vida,  onde a forma humana é uma das manifestações.

Esse Eu Maior que acredita na pureza da intenção e do perdão. É difícil perdoar e é difícil pedir perdão. Temos mais motivos para perdoar ou para pedir perdão?