sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"Para o Zen-Budismo, as primeiras emoções egoístas da criança são inevitáveis e destrutivas. Eis por que não se pode alegar que o  oriental algum dia tenha se distanciado tanto da Natureza como o europeu(ocidental), pois vive ainda preso às tradições. Isso não impede que ele, ainda assim, viva lutando contra o egocentrismo, e por isso ele está longe de viver por si mesmo, como se fosse vivido e vice-versa. 
O perigo especial consiste no fato de o homem, ingenuamente, não saber disso e, se lhe explicarmos, não o poder entender. O desfiguramento da existência está relacionado com o seu egocentrismo. Seu olhar está perturbado. Ele não pode, portanto, nem comparar nem perceber a diferença entre o que ele é e o que ele deveria ser, pois tanto o que ele é como o que ele deveria ser  não pode ser descrito antecipadamente. Não se trata de um outro estilo, de uma outra direção para a sua vida cotidiana, nem se trata de uma imagem que ele possa tornar real; não se trata de nada que ele possa executar com consciência, vontade, seriedade e senso de responsabilidade, trata-se de algo totalmente diferente: algo que lhe escapa por completo, alguma coisa que só pode ser alcançada mediante uma transformação básica, por meio de mudança.
Sobre isso , o Budismo não prega. Seriam apenas palavras. O Budismo espera por aqueles que se sentem constrangidos e incertos, impulsionados por uma secreta saudade."
                                                                                          
                                                                                        O Caminho Zen
                                                                                                    Eugen Herrigel




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