RELATO DE UM ENCONTRO
Dia 19 de junho fui uma das convidadas
para uma Roda de Conversa no Fire – Fórum Inter Religioso e Ecumênico, realizado na FLD –Fundação Luterana
de Diaconia. O outro participante foi o candidato a governador Miguel Rosseto,
grande humanista, foi ministro no governo Dilma, pessoa muito agradável e de um
caráter irrepreensível. A terceira integrante, Yiá Sandrali de Oxum não pode
comparecer pois foi acometida por uma gripe muito forte, o que impediu que
viesse.
O propósito do encontro era a
unidade das esquerdas e o papel das religiões no atual cenário brasileiro. Um
espaço de fala, de encontro, de reencontro, de reunir forças e seguir na
resistência, um sendo suporte para o outro. Lembra-me o bordado do ramo de
pinheiro, último item no rakusu(mini manto do Buda), que representa a sanga, a
comunidade budista, que sozinhos somos
frágeis como um pinheirinho que enverga
frente as adversidades, mas muito pinheiros juntos, dando-se apoio mútuo, todos
conseguem crescer em direção ao sol, à claridade.
Os presentes eram representantes
de agremiações, de CEBS, Movimento Fé e Política, FLD, Conic, MTD, uma
representante da Dep Fed Maria do Rosário, MNDH(movimento nacional de direitos
humanos) um representante do movimento anti - manicômios , M3D – movimento,
democracia, diálogo e diversidade e outras pessoas interessados e preocupados
com os rumos da democracia no Brasil. Durante as apresentações , acentuei as
divisões que o Brasil tem vivido, que isto também aconteceu dentro do Budismo e,
frente a isto houve a inciativa de criar
uma Frente de Budistas Progressistas. Fiquei surpresa pelas demonstrações de
aprovação e saudação a mais este movimento.
Percebe-se que, para além da
criminalização da esquerda, principalmente do PT, a prisão ilegal de Lula, cada
vez mais a população está se dando conta que o futuro do Brasil,
principalmente a sua recém e débil
democracia sofrendo um novo revés, a fragilidade das instituições , os rumos da
economia, o desrespeito sistemático à constituição de 88, a precarização geral,
que primeiro atingiu de morte os mais
pobres, agora está fazendo água, e chegando à classe média, que incauta,
inicialmente apoiou o golpe que destitui uma presidente sem crime de
responsabilidade. Esse segmento da população também está começando a se
organizar, com uma proposta suprapartidário, como foi a apresentação por parte de seu
representante, um pastor Luterano, da sua Carta de Princípios.
Iniciei abrindo o debate e em
seguida foi a vez de Miguel Rossetto. Dividi com o grupo o meu entendimento sobre
o momento de paralisia do povo. Um elemento novo me chamou atenção justamente
por estes dias. Quando o Brasil estreou na copa, dia 17 de junho, no momento do
gol, ninguém, absolutamente ninguém, num raio de alguns km, soltou um foguete.
E eu moro num lugar onde uma das minhas contrariedades é foguetório para
qualquer coisa. Este silêncio foi muito barulhento, revelador...era o silêncio
de um luto, de uma perda . Neste ponto eu desviei o assunto sem
responder: que luto seria este? Coisa que no circular da palavra, Miguel, com
sua sensibilidade respondeu, certeiro como um velho e bom psicanalista: O Golpe
foi de uma tal brutalidade e violência que sequestrou a identidade que o povo tinha com o futebol. Eu diria mais,
o signo que representava isto era a camisa amarela da seleção– essa sim,
confiscada do povo. Grande parte da classe média , influenciada pela imprensa
alinhada com o golpe, sob o pretexto da
corrupção, tomou para si a tarefa de higienizar o país, introduzindo um
confronto entre a bandeira verde/amarela do país e a bandeira do PT – de maneira
soberba, vaidosa e acreditando-se virtuosos, confiscam também a bandeira do
Brasil. Vestem a bandeira do país para desapear a democracia. Esta cena só é
comparável com tragédia grega. Na sequência
, o povo fica cada vez mais excluído e privado de ser o protagonista dos
destinos da nação. Dessa forma o povo ficou órfão de seus símbolos, só restando
a concretude do silêncio catatônico.
Mas a gente sabe que a história é feita da altos e baixos.
Seguimos resistindo.
E neste propósito, estamos organizando uma caravana ao
acampamento Marisa Letícia para somarmos nossas vozes ao Bom Dia Presidente
Lula. Deverá acorrer entre os dias 28 e 29 de setembro.
Monja Coen aceitou o convite para fazer uma visita a ele, no
dia 28 de setembro.
Vamos nos organizando.
Uma abraço.
Monja Kokai Sensei
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