O SABÃO NA VIDA
MUNDANA
Hoje eu não vou escrever sobre
budismo e nem sobre política. Vou escrever sobre sabão. Quer coisa mais mundana
que sabão?
Deixo a política para as pessoas
mais esclarecidas e que estão produzindo, informando, escrevendo, empenhados em descrever o momento histórico do pais e da América
Latina , os ataques à soberania e a
democracia. Haja sabão pra lavar toda esta sujeira.
Há muitos anos eu tenho críticas
sobre o sabão que se compra nos super-mercados , que aliás são os mesmos nos
mercadinhos, armazéns e afins. No mercado não temos muitas escolhas para o sabão em barra, duas no máximo três marcas.
Sabão em barra para mim é aquele maior, que precisa uma mão cheia para
manuseá-lo. O resto que está a disposição são aqueles sabãozinhos pequenos,
estes sim, oferecidos nas mais diversas cores, para roupas delicadas, para
ariar panelas, para gordura pesada, limpeza pesada, limpeza leve...Na minha
opinião de dona de casa, que vem de uma época em que o sabão de barra era o
principal agente de limpeza, ter uma boa empunhadura para manuseá-lo era
fundamental. Também era fundamental que ele tivesse um tamanho anatômico que favorecesse
a pegada. Sim, tem que ter pegada para
segurar o sabão. Estes pequenos não favorecem essa pegada, pois as pontas dos
dedos e as unhas esfregam junto a louça, a roupa e o que quer que seja. Um
sabão para criança pegar, ou seja, infantilizaram o sabão.
Eu tinha um desconforto toda vez
que tinha que comprar sabão(com sabonete também
pois acho eles muito pequenos), mas nunca problematizei. Achava que eu
era muito chata, implicando até com o sabão?
Até que, viajando para o interior
do estado, paro o carro em uma lugar que tinha lanches, suco de cana de açúcar,
rapaduras, artesanato, e... sabão. Era um sabão feito no fundo do quintal, por
pequenos agricultores do interior do estado, vendidos a quilo, dois anos atrás,
R$7,00 o kg. Comprei assim, meio desconfiada, achei tão barato, será que
presta? Eram de glicerina.
Naquela semana experimentei um.
Bah, que show, nem de longe dá pra comparar com o que temos a disposição nos
mercados. Apesar de seu aspecto ser feio, irregular, não era lisinho e
retangular, era torto e desengonçado. Mas que macies, a combinação exata entre
os ingredientes, provavelmente soda cáustica e as gorduras. O tamanho perfeito
para segurá-lo, nem muito grande, nem muito pequeno. Revela a sensibilidade de
quem o fez.
Lembro que este era o sabão da
minha infância que foi sendo substituído pelo sabão industrializado. O que
temos hoje são duas marcas principais, uma de um sabão caro – em torno de r$
5,00 uma barra e outro, barato, em torno de R$ 2,00 a barra. Hoje não temos nem
uma mediano, que tempos atrás ainda havia. O primeiro é bom(mas nem de perto
iguala-se ao sabão em questão), o segundo é barato mas não presta. Desculpa a
rudeza, mas é isto, não presta. É duro, não desliza na roupa molhada e, você
usa uma, duas, três vezes , e quando ele está na metade, racha e se parte e
mais pedaços. E são estas as escolhas que temos. Acho que deveriam ir consultar
os caras da agricultura familiar para lhes dar alguma orientação. Mas quem diz
que eles não sabem fazer um bom sabão?
Ah! Mas vão dizer que hoje todo
mundo lava a roupa na máquina e por isto reduziram o tamanho do sabão. Que isto
é pesquisa de mercado!
Pois esta pesquisa de mercado que
vá lamber sabão!
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