quarta-feira, 22 de agosto de 2018


O SABÃO NA VIDA MUNDANA
Hoje eu não vou escrever sobre budismo e nem sobre política. Vou escrever sobre sabão. Quer coisa mais mundana que sabão?
Deixo a política para as pessoas mais esclarecidas e que estão produzindo, informando, escrevendo, empenhados  em descrever  o momento histórico do pais e da América Latina ,  os ataques à soberania e a democracia. Haja sabão pra lavar toda esta sujeira.
Há muitos anos eu tenho críticas sobre o sabão que se compra nos super-mercados , que aliás são os mesmos nos mercadinhos, armazéns e afins. No mercado não temos muitas escolhas para  o sabão em barra, duas no máximo três marcas. Sabão em barra para mim é aquele maior, que precisa uma mão cheia para manuseá-lo. O resto que está a disposição são aqueles sabãozinhos pequenos, estes sim, oferecidos nas mais diversas cores, para roupas delicadas, para ariar panelas, para gordura pesada, limpeza pesada, limpeza leve...Na minha opinião de dona de casa, que vem de uma época em que o sabão de barra era o principal agente de limpeza, ter uma boa empunhadura para manuseá-lo era fundamental. Também era fundamental que ele tivesse um tamanho anatômico que favorecesse a pegada. Sim, tem  que ter pegada para segurar o sabão. Estes pequenos não favorecem essa pegada, pois as pontas dos dedos e as unhas esfregam junto a louça, a roupa e o que quer que seja. Um sabão para criança pegar, ou seja, infantilizaram o sabão.
Eu tinha um desconforto toda vez que tinha que comprar sabão(com sabonete também  pois acho eles muito pequenos), mas nunca problematizei. Achava que eu era muito chata, implicando até com o sabão?
Até que, viajando para o interior do estado, paro o carro em uma lugar que tinha lanches, suco de cana de açúcar, rapaduras, artesanato, e... sabão. Era um sabão feito no fundo do quintal, por pequenos agricultores do interior do estado, vendidos a quilo, dois anos atrás, R$7,00 o kg. Comprei assim, meio desconfiada, achei tão barato, será que presta? Eram de glicerina.
Naquela semana experimentei um. Bah, que show, nem de longe dá pra comparar com o que temos a disposição nos mercados. Apesar de seu aspecto ser feio, irregular, não era lisinho e retangular, era torto e desengonçado. Mas que macies, a combinação exata entre os ingredientes, provavelmente soda cáustica e as gorduras. O tamanho perfeito para segurá-lo, nem muito grande, nem muito pequeno. Revela a sensibilidade de quem o fez.
Lembro que este era o sabão da minha infância que foi sendo substituído pelo sabão industrializado. O que temos hoje são duas marcas principais, uma de um sabão caro – em torno de r$ 5,00 uma barra e outro, barato, em torno de R$ 2,00 a barra. Hoje não temos nem uma mediano, que tempos atrás ainda havia. O primeiro é bom(mas nem de perto iguala-se ao sabão em questão), o segundo é barato mas não presta. Desculpa a rudeza, mas é isto, não presta. É duro, não desliza na roupa molhada e, você usa uma, duas, três vezes , e quando ele está na metade, racha e se parte e mais pedaços. E são estas as escolhas que temos. Acho que deveriam ir consultar os caras da agricultura familiar para lhes dar alguma orientação. Mas quem diz que eles não sabem fazer um bom sabão?
Ah! Mas vão dizer que hoje todo mundo lava a roupa na máquina e por isto reduziram o tamanho do sabão. Que isto é pesquisa de mercado!
Pois esta pesquisa de mercado que vá lamber sabão!

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