quinta-feira, 19 de setembro de 2019




ENTRANDO EM CENA

Quando Buda despertou,  a primeira constatação que ele fez foi:  Existe Sofrimento. Quando isto aconteceu ele já estava com 36 anos. Desde muito jovem ele buscava respostas às suas angustias existenciais. Há 2600 anos atrás, na India, ele desobedeceu o pai e saiu do palácio(ele era príncipe) e foi misturar-se com o povo. Deveria ter 19,20 anos. Testemunhou pessoalmente a doença, pois viu muitos leprosos, viu a velhice e a mendicância e, viu a morte. Como ele era muito sensível e  talvez  tivesse um fundo depressivo, aquela vivência o marcou muito,  que passou a questionar sobre o  por quê de  tanto sofrimento, o que fazer para superar o sofrimento, qual o sentido da vida e da morte?
O mês de setembro é dedicado à prevenção do suicídio, que pode ser considerado o desfecho de um processo que já estava acontecendo e que não foi possível impedir.  O suicídio tem aumentado muito no Brasil, principalmente entre jovens entre 15 e 29 anos, e recentemente entre jovens negros. Também entre pessoas idosas. A ocorrência é mais comum entre o sexo masculino, nas grandes cidades. As causas são várias, dentre elas a ausência da políticas públicas para a prevenção, a desigualdade social, a popularização da internet, etc. É a segunda causa de morte entre jovens no país. Torna-se uma questão de saúde pública.  Alarmante!
Geralmente por traz desse ato tem uma depressão severa que não está sendo identificada e tratada.
O indivíduo entra em cena através da Certidão de Nascimento, sai de cena com a Certidão de Óbito. Entre uma certidão e outra a vida acontece e criamos uma identidade, tanto que entre uma certidão e outra temos a Carteira de Identidade. Como tem sido essa construção para os nossos jovens , para tantos companheiros nessa viagem, nesse trem como diz a música? Àqueles que   não conseguem e buscam abreviar a chegada da  certidão de óbito – saindo de cena antecipadamente? Que dor é essa expressa numa atitude tão extremada? De que sofrimento estamos falando? As vezes pode ser um vazio tão grande onde nada faça sentido, nem o sofrimento. Sim, pois o sofrimento, quando acolhido e compreendido, por si só, pode apontar caminhos de superação. Compreender o sofrimento é compreender a vida e desenvolver meios hábeis para lidar com as frustrações, com os desafios, com as perdas, com os fracassos, com as rotinas que podem ser um tédio. As vezes uma pessoa muito jovem ainda não tem maturidade para compreender tudo isto. Os jovens em especial necessitam de uma rede de apoio e proteção que olhem por eles, pais , educadores e governantes mais sensíveis e amorosos, que olhem para cada jovem desse país como um filho, que deve ser amado e respeitado. Um filho dessa tribo chamado Brasil. Como diz o poema grego Eneida, “ Se não há amor, não só a vida das pessoas se torna árida, mas também a das cidades.”
Buda nos ensinou também que nascer como ser humano é a coisa mais preciosa. Somos a vida na terra em pura manifestação e pulsação. Como não haveremos então de cuidar? Não existe vida mais ou menos importante, vida que vale mais ou menos. Toda a vida é importante e preciosa. Temos que compreender isto em profundidade para desenvolver uma sociedade mais solidária e amorosa, mais inclusiva,   justa e respeitosa. Assim, tudo que emerge ficará em harmonia e de acordo com tempo/espaço que lhe cabe ser e estar nesse mundo!



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