terça-feira, 1 de junho de 2010







LUGARES COMUNS

Pra que lugar mais comum que esse de ficar sentada num sofá olhando filme e comendo rapadura? Foi o que eu fiz nesse final de semana. Diversos pacientes que vieram para consulta me perguntaram se eu já havia assistido o filme Avatar. Como eu desconfio de best-seller e filmes super valorizados pela mídia, eu ainda não havia assistido. Fui na locadora e aluguei dois filmes. Primeiro olhei Avatar. Um filme bonito com bastante efeitos visuais e especiais. A fórmula é antiga mas sempre dá certo: O bem contra o mal. Escancara o padrão predador que tem os humanos (terráqueos) e sua humanidade ainda mal constituída, inacabada. Promove uma catarse a nível planetário, mas que na prática não gera nenhuma mudança realmente transformadora. Tem algumas mensagens interessantes como a noção da “conexão” entre as criaturas entre si e a natureza, essa noção de rede, de teia, onde tudo tem a ver com tudo. Lugar comum? Nenhum, a trama acontece em Pandora, planeta distante da Terra.

O outro filme não é lançamento , muito menos um best-seller, mas já faz horas que eu queria ver : “Lugares Comuns”. A maior parte do filme é rodado em Buenos Aires e Córdoba. Parte dele em Madri. Como o próprio título sugere, não se trata de nenhuma apoteóse. A narrativa é sobre a vida de um professor de filosofia que é sumariamente aposentado. A trama desenvolve-se a apartir dessa situação: como contar para a esposa com quem é casado ha mais de 30 anos, companheira leal e amorosa. Até então era o provedor e terão que adaptar-se a uma nova realidade financeira. Enquanto o personagem vive essa crise vai fazendo uma narrativa onde trabalha com o conceito de lucidez, sofrido pois vivido. Ele fala da dor da lucidez. Discorre sobre a etimologia dessa palavra que vem de Lúcifer(nome que os romanos davam ao planeta Vênus), a estrela áurea, a estrela da manhã, a mais luminosa de todas as estrelas. Contemplando esta estrela, Buda atingiu a Iluminação, o Despertar, a suprema lucidez. O cinema argentino em geral, costuma desenvolver a trama entrelaçando o momento histórico vivido pelo personagem, a partir de uma ótica sócio-política e econômica. Os efeitos desse panorama no destino da narrativa, o que determina o destino da vida do protagonista. Porém, o maior mérito deste filme é falar do cotidiano, dos vícios e fraquezas, das vivências de crise e superação, da lealdade e da amizade , da vida e da morte, transformando as vivências e lugares comuns e em comum, em lugares de pleno sentido e significado.

E quanto a nossa lucidez?

Estamos vivendo nossas vidas de forma a compor uma narrativa que seja plena de sentido e significado?

Um comentário:

  1. Olha, Monja.
    Eu estudo Filosofia e te digo: esse negócio de lucidez é mto complicado.
    A gente axa q é simples, mas n é...
    Estou trabalhando num projeto de conclusão de curso a partir da idéia de Nietzsche onde ele questiona td isso q criaram dizendo ser a verdade como ilusório, metafórico e enganador e q apenas o q podemos considerar como verdadeiro é aquilo q sai da nossa mente e n aquilo q já está predestinado a certa coisa.
    Concordo q a lucidez seja isso: um estado mental nosso onde outras coisas externas n devem influenciar p q dessa forma, n termos q vir a perder a nossa própria essência.
    Querendo conversar mais sobre isso e outras questões filosóficas, estou a disposição.

    =**, Jowzinha

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