sábado, 10 de julho de 2010

RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE - REFLEXÕES.





Compartilho este texto que foi enviado pelo Reverendo Jessé, da Igreja Anglicana.







Parece mentira, mas foi verdade. No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos atual
campeão paulista de futebol foi a uma instituição que abriga trinta e quatro
pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a
maioria com paralisia cerebral.
Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou. Entre estes,
Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a),
Léo(24a), Marquinhos (28a) e André (1 9a) todos ídolos super-aguardados.
O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz,
de San tos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral.
Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo
a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que
os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.
Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos,
entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley
(22a), que conversaram e brincaram com as crianças.
Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ,
da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre
o ocorrido e escreveu o texto “No Brasil, futebol é religião” que abaixo tenho o
prazer de compartilhar.

NO BRASIL FUTEBOL É RELIGIÃO
Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não
erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer
a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço de que o Cristianismo
implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas
categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais
de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos
universais de todas e cada uma das tradições de fé.
Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou
se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo; ou mesmo se você
tem que subir uma escada de joelhos, ou dar o dízimo na igreja para alcançar o
favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se
o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa
do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião.
Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista,
evangélica, ou católica, você está discutindo religião.
O problema é que toda vez que você discute religião, você afasta as pessoas
umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância.
A religião coloca de um lado os adoradores de Allá; de outro, os adoradores de
Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de
Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores
deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com
que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo
extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de
um deus, com D minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como
reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade,
você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas.
E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião,
você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas,
aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se
deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que
a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive
religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando
você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina, ou pelo menos
deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança
que sofre a tragédia e a miséria de uma paralisia mental.
(Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho).

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