sábado, 13 de fevereiro de 2010


DESPEDIDAS

Durante esta semana acompanhei o luto que minha filha fazia, pela perda de duas pessoas muito queridas por ela.
Há quatro meses atrás, a família de sua grande amiga da faculdade recebe um terrível diagnóstico. A mãe está com metástases de um melanoma extraído há 5 anos atrás. Na época, uma “pinta”, dessas que habita nosso corpo e que a gente se habitua e não percebe como ameaça. Essa mãe era chamada pela minha filha de “ Tia Tânia”, como essa geração costuma se referir aos mais velhos. Ela sofreu muito, assim como toda sua família. Seu sepultamente aconteceu na 4ª feira, dia 10 de fevereiro. Minha gratidão por teres acolhido tão bem a minha filha.
O mesmo aconteceu com o querido professor de minha filha, Dr. Leonel Lerner, Cardiologista e Nefrologista. Desde o início da faculdade de Medicina, indo agora para o 4º ano, eu somente a ouvia falar desse professor. Era seu ídolo, seu mestre. Um dia fez questão de levar a máquina fotográfica e pedir para tirar fotos com ele. Há umas duas semanas atrás ele teve um AVC de tronco e entrou em coma. Seu sepultamento acorreu dia 11 de fevereiro. Minha gratidão por teres contribuído com a formação de minha filha.

Por mais avançados que sejam os recursos da medicina, tem hora que a cura não é possível. A vida se esvai e nada há para ser feito. A vida é uma condição em si mesmo. Tem início, meio e fim. A morte é uma condição em si mesma - Tem início, meio e fim –
Assim, onde começa a vida e onde começa a morte?

Dia 15 de fevereiro, cerca de 2600 anos atrás, aconteceu a morte de Buda – o Parinirvana. Budas não morrem, entram em Parinirvana. Aqueles que adentram a grande tranqüilidade. Essa data é celebrada no calendário Budista e todas as sangas se reúnem para retiro.
Buda, então com 84 anos, deitado entre duas árvores, numa noite de lua cheia, rodeado por seus discípulos, monges e monjas, leigos e leigas, fazia seu passamento. Dizem que até os pássaros e outros animais se aproximaram silenciosamente para se despedirem de Buda. Todos sofriam muito esta perda. Mas Buda estava sereno e ainda teve forças para proferir seu último ensinamento. (Parinirvana Sutra)
Entre os inúmeros ensinamentos um dizia :
“Não se lamentem. Não existe encontro sem despedida.”

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